Foto: Jornal Público
Vi o nosso FCP jogar ao vivo pela
segunda vez esta época, muitos jogos depois da única ocasião em que tinha visto
os homens orientados (?) por PF
porem em campo tudo aquilo que (não) sabem. E, se em Setúbal, por
ser a primeira jornada, um novo treinador,
etc., a paciência e o benefício da dúvida ainda eram grandes, ontem já não.
Ontem senti-me triste. Em
conversa com o meu amigo Luís C., durante o jogo, foi esse o adjectivo que
encontrámos para melhor caracterizar o sentimento que tivemos durante todo o
jogo. Nem zangado, nem decepcionado, nada. Triste. A atitude demonstrada, o
pobre futebol apresentado, a falta de ideias e de vontade de ganhar,
deixaram-nos tristes. A única coisa que atenuou essa tristeza foi termos
assistido ao jogo com dois adeptos do SCP que, pelo facto de não saberem o nome
de 90% dos jogadores da própria equipa, tornaram aqueles 90 minutos num
calvário ligeiramente menos penoso. E o facto de os bilhetes terem sido de borla, claro..!
Muitos jogos depois de Setúbal, o
FCP apresenta três grandes problemas:
1. Equívocos tácticos e técnicos:
a gerência deste café já dissertou sobre a inconsistência do sistema do duplo
pivô. A 7 de Dezembro, no jogo com o SC Braga, em casa, PF mudou de sistema.
Apesar de não o admitir, avançou Herrera, ficando Fernando sozinho na posição 6
e o FCP deixou, durante 45 minutos, de ser o Paços de Ferreira. Nos jogos
seguintes, PF começou à procura de um novo triângulo do meio-campo, percebendo
duas coisas: o duplo pivô não resulta e Lucho é um jogador menos influente a
jogar a n.º 10, atrás do ponta-de-lança. Lucho é um 8 com uma finíssima
inteligência na ocupação dos espaços, o que lhe permite aparecer amiúde em
zonas de finalização. A
Porém, ao abandonar o equívoco
táctico, PF enredou-se numa série de equívocos técnicos. Com Carlos Eduardo a
despontar, quem deve jogar no meio-campo? Fernando-Herrera-Carlos Eduardo?
Fernando-Lucho-Carlos Eduardo? E Defour, talvez um dos jogadores mais
esclarecidos táctica e tecnicamente dos nossos planteis mais recentes, não joga
porquê? E Quintero? De herói em Setúbal a não-convocado?
Mas o erro mais gritante é a
insistência em Herrera. Se a nossa política é não lançar estes jovens
sul-americanos aos lobos, fazendo-os rodar na equipa B (Iturbe, Quintero,
Reyes, Carlos Eduardo, Kelvin, Caballero....), porque é que Herrera é excepção?
A falta de intensidade, a bola a queimar nos pés, os sucessivos erros, mais do
que justificavam que passasse uma longa temporada a aprender....ontem, foi
penoso vê-lo falhar passes atrás de passes... Defour, em 3 temporadas de FCP,
não falhou tanto como Herrera apenas na noite de ontem;
2. O nível necessário para jogar
no FCP e a responsabilidade de jogar no FCP: se por um lado, o actual plantel
do FCP conta com jogadores que não têm o nível mínimo para envergar o emblema
do nosso clube, como Licá, por outro, vários elementos da equipa principal não
sentem devidamente o peso da nossa camisola. Danilo leva um túnel aos 79
minutos e fica parado, a ver o adversário progredir rumo à área...talvez seja
por isso que tantos dos nossos jogadores entram em campo de braços estendidos
ao céu, pedindo proteçcão divina para o chorrilho de disparates que se preparam
para fazer..
3. A total ausência de fio de jogo e de identidade: durante
os jogos do FCP, várias vezes dou por mim, em conversa com fregueses deste
Café, a tentar responder à seguinte pergunta – o que é que estes gajos fazem
durante a semana? O que treinam? Pior do que os equívocos tácticos e técnicos,
mais grave do que haver jogadores abaixo do nível ou sem noção do que é ser
Porto, é o facto de, muitos jogos depois de Setúbal, o FCP não ser capaz de
apresentar uma jogada, um conjunto de automatismos, um fio de jogo e uma
identidade que nos permitam tem esperança de que as coisas vão melhorar.
Ver o FCP jogar, ao vivo, dá-nos
ainda uma noção mais confrangedora disto: quando a equipa recupera a bola em
zona defensiva e se espera que seja capaz de realizar uma transição ofensiva
rápida, objectiva, na qual Fernando coloque em Carlos Eduardo, que Varela abra
espaço por um flanco e que Danilo ou Alex Sandro progridam pelo outro, e que ao
terceiro toque a bola esteja em Jackson para finalizar, o que invariavelmente
vemos é Varela rodeado por dois adversários, Danilo a fazer recepções de bola
que envergonhariam um central adaptado a lateral nos distritais ou Alex Sandro
a querer fintar quatro adversários até colocar a bola nos pés de algum deles..
Sobre Licá, já nem consigo falar...até tive ilusão de que poderia ser uma
mais-valia, mas em jogos como o de ontem é que fica patente que jogar no FCP
exige muito mais do que energia e garra..
Destes três problemas actuais do
FCP, é este último que me preocupa mais. Já era altura de jogarmos mais e de não
estarmos, nesta fase da época, à espera que seja sempre um rasgo individual ou
um acaso da sorte a fazer-nos ganhar...porém, parece que à medida que a época avança, o nível do futebol apresentado vai decrescendo...
Mas como o nosso treinador acha que empatar em Alvalade é positivo, estaremos todos contentes. Na verdade, nem a jogar assim, a equipa sensação desta temporada foi capaz de nos ganhar...
Comungo inteiramente desta visão BP. Apenas acrescento que este treinador nem consegue perceber que por um milagre na forma de Carlos Eduardo foram desatados vários nós e logo corre a enrolar mais o novelo.
ResponderEliminarO jogos em Vila do Conde e contra o Olhanense não foram o novo Porto....
Coincidência ou não: dois jogos contra equipas às riscas verdes-e-brancas! ;-)
ResponderEliminarDe resto, estou 100% de acordo com o post. Ver o FCP é, e continua a ser, um martírio!
Abraço e Bom Ano!