Não me vou debruçar muito sobre o jogo desta noite, em que o FCP foi goleado pelo Sevilha nos 1/4 final da Liga Europa. Não o faço porque não acrescentaria nada a tanto que já se disse esta época das exibições do FCP: total e absoluta falta de concentração competitiva, passividade e displicência na abordagem ao jogo e um número assinalável de jogadores que não têm, nem virão a ter, o nível necessário para serem titulares do FCP.
Prefiro concentrar-me nos porquês de termos chegado a esta fase da época neste penoso estado e quais as consequências que tudo aquilo pelo que estamos a passar poderão ter. E recorro a esta imagem, que o o jb bem lembrou no final do jogo de hoje, para começar.
Todo o raciocínio que subjaz a esta afirmação toca fundo no que está errado no FCP actual:
- onde devia haver um projecto estruturado para a equipa de futebol, há uma navegação à vista, laxista e caracterizada por uma certa arrogância messiânica, que resulta de vários anos de hegemonia; só assim se pode explicar o erro de casting que foi contratar um treinador como Paulo Fonseca, sem qualquer experiência séria nem provas dadas para poder treinar o FCP;
- onde devia haver profissionalismo que permitisse pensar e planear a época, de modo a que não existissem Danilos, Alex Sandros, Varelas, Carlos Eduardos, Maicons, Abdoulayes como titulares, indiscutíveis por não haver mais opções, existe neste momento uma nebulosa e inexplicável incompetência, movida por uma hierarquia de prioridades que não são desportivas nem competitivas e que não parecem ter o sucesso desportivo como princípio essencial;
- a escolha do treinador devia fazer parte de uma lógica mais abrangente, em que o perfil assentaria em qualidades de liderança, de conhecimento do futebol e das características dos jogadores de um clube como o FCP, em que é importante fazê-los apreender a mística do clube, de modo a que se motivem constantemente pelas conquistas e não pelas transferências, para que pensem no clube como modo de se realizarem e não como mero trampolim para um contrato melhor. Não tem sido esse o critério, mas antes o de escolher yes men sem cartel nem estrutura, que se deslumbram por treinar uma equipa como o FCP, algo que jamais lhes ocorreria, sem se questionarem porque é que o plantel é constituído por apenas dois laterais (Danilo e Alex Sandro, este um excelente jogador, mas uma vedeta), ambos de qualidade questionável, um central de 10 milhões de euros na equipa B (Reyes), apenas dois avançados (Jackson e Ghilas), um extremo (Varela, pois Licá nem sei bem o que é), e uma proliferação de médios que se atrapalham em campo (Defour, C. Eduardo, Quintero, Herrera...).
Para que Lucho possa cumprir este sonho, muitas consequências teriam de advir da análise destes porquês.
Primeiro, teria de haver uma revolução na política de gestão de futebol da SAD, voltando a princípios básicos do que é ser Porto:
- evitar o deslumbramento com o dinheiro e as vitórias, preservando SEMPRE a humildade, em privado e em público, em campo e no balneário;
- revisitar a política de contratações, regressando a uma lógica de comprar barato (veja-se o plantel do SCP deste ano!!) e apostar em jogadores com margem de progressão e vontade de triunfar, investindo numa prospecção profissional e que atenda às necessidades do plantel e não a outras prioridades que se nos afiguram inexplicáveis (16M de EUR por Danilo??);
- saber potenciar os activos do clube, não permitindo que situações como as de Iturbe, Rolando, Álvaro Pereira ou Otamendi possam proliferar;
- ter coragem de promover uma revolução tranquila no plantel: para mim, jogadores como Danilo, Alex Sandro, Carlos Eduardo, Maicon, Licá ou Abdoulaye não têm qualidade ou atitude competitiva para jogar no FCP. Outros, como Varela, Defour (com grande pena minha, pois até gosto dele), Mangala, ou são devidamente acompanhados e motivados para um projecto aliciante na próxima época ou temo que tenham encerrado o seu ciclo no FCP. Alguns, ainda, como Jackson e Fernando, estão a contar os dias para serem transferidos desde que começou a época.
Esta época está a ser penosa, mas deverá ser recordada e não esquecida. Gostaria de pensar que se trata de uma época acidental, episódica, mas as causas e os porquês exigem uma análise mais profunda, de modo a que esta seja de facto apenas uma temporada de excepção, pela negativa, e não o início de uma tendência de declínio do FCP. E isto é muito sério, pois exige-se a quem dirige o FCP que tenha a humildade de reconhecer os (inúmeros) erros cometidos e o arrojo e a liderança de os reverter.
Eu também gostaria que Lucho viesse a ser o Simeone do FCP. Não apenas pela enorme admiração que tenho pelo El Comandante, pela mística de símbolo do clube que é, mas porque isso me diria que o FCP voltaria a estar no caminho certo do sucesso desportivo de todos e não apenas movido pela realização de alguns.
Dito isto, que até final da época se pondere, se estude e planeie, com recato, seriedade e profissionalismo. Sem esquecer nada do que aconteceu esta época, da qual esta noite foi apenas um expectável capítulo.
Excelente opiniao, nao tenho mesmo rigorosamente nada a acrescentar a forma que tiveste de pensar, planear e escrever esta crónica. Concordo e espero sinceramente que o Nosso Porto consiga ter a capacidade de reflexao para dar a volta ao texto.
ResponderEliminarExcelente post BP. De digestão difícil, como muitas das coisas que têm acontecido ao nosso clube.
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