domingo, 4 de março de 2012

O motivo pelo qual somos Porto


Esta resposta que Hulk deu à provocação vulgar dos adeptos do 2º classificado ilustra bem o que, para mim, é ser Porto: à falta de nível respondemos com classe, à pressão ripostamos com concentração, ao circo mediático reagimos com resultados e factos.

Momentos como este revelam o que nos torna únicos: sabermos fazer das fraquezas que nos tentam criar as nossas maiores forças. Capas como a que aqui foi já mencionada não são novidade. Eu, pessoalmente, prefiro esta:

É de uma ironia fina, enaltecendo um dos factos do jogo (a entrada decisiva de James) e ridicularizando um episódio da época passada que caracteriza este pseudo-rival.

A vitória de ontem foi importante, sobretudo se olharmos para a situação classificativa (e anímica) em que estávamos há um mês atrás. Não tenho arte, nem engenho (nem necessidade) para acrescentar mais do que o Filipe disse já sobre o jogo. Podia acrescentar os pontapés do n.º 6 da equipa adversária a jogadores do FCP no chão, seria legítimos até que aludisse à minha surpresa pelo facto de o lateral-direito adversário ter conseguido acabar o jogo, etc etc... Só acrescentaria ruído desnecessário aos factos: Ganhámos.

Direi apenas que VP nos mostrou muito do que já havíamos visto esta época - intranquilidade em momentos decisivos (sofrer um golo a acabar a 1ª parte e outro a começar a 2ª, em lances que parecem saídos de uma peladinha nos treinos), alguma ansiedade e passividade. Até aí, nada de novo. 

Porém, VP mostrou-nos muito que ainda não havíamos visto: a maneira como a equipa entrou em campo, decidida, mandona, determinada, bem posicionada, acutilante, revelam uma preparação tática, posicional, mental e psicológica de grande valor. Mas os momentos-chave para mim foram as substituições - tirar Rolando para meter James foi de um arrojo tático e de uma coragem decisivos. Como diriam os pasquins de serviço, digno de nota artistíca. Alcançado o empate e com o adversário (justamente) em inferioridade numérica, retirar Moutinho e fazer entrar Kléber mostraram um treinador do FCP com vontade e, acima de tudo, com a convicção de que era possível ganhar este jogo. 

À jactância (não há outro termo, é arrogância e vaidade que lhe sai a jactos!) e sobranceria do treinador adversário, que se permitiu menorizar a equipa do FCP na véspera do jogo, VP respondeu com competência, com trabalho e com sobriedade. Eu, que aqui escrevi que VP se arriscava a que os jogadores fizessem dele campeão, faço-lhe a justiça de lhe dizer que ontem o treinador deu aos jogadores a liderança e capacidade de decisão que fizeram deles líderes isolados desta Liga.

Porém, ontem já passou. O circo mediático não é a nossa liga. Temos jogos muito difíceis pela frente. Já aqui escrevemos que Nós não somos Porto apenas quando ganhamos. Nós não somos Porto contra outrem. Nós não somos Porto para embandeirar em arco nas imensas conquistas que temos tido, nem para dramatizar em fatalismos exagerados nas (poucas) derrotas que inevitavelmente, em desporto, acontecem. 

Talvez por estarmos mais habituados a estes momentos, os saibamos saborear na intimidade e de forma especial. Sem alaridos. Mas temos ainda muito que lutar esta época, sobretudo não esquecendo o caminho sinuoso e de sobressaltos que nos trouxe até aqui. O calendário é muito difícil e vamos ter campeonato até ao fim e a três. 

Mas estamos hoje na cadeira que, mais do que de sonho, é a que mais estamos habituados a ocupar. E na qual queremos terminar. 




2 comentários: