segunda-feira, 14 de maio de 2012

Campeões da sexta melhor Liga da Europa


Tenho em casa uma ótima máquina de fazer cimbalinos, e isso tem-me mitigado a falta que me faz vir aqui ao Café. No fim de semana que passou nem sequer consegui ver o FC Porto a jogar para a Liga (uma das poucas vezes que aconteceu nestas últimas épocas), dado que estava em Londres, onde aliás também não consegui encontrar bilhete para ir ver os azuis de Stamford Bridge contra os (infelizmente despromovidos) azuis e brancos de Blackburn. Ainda assim, vi mais de perto o dramático final da Premier League centrado na tragicomédia que foi o Manchester City vs QPR. É por finais assim, poucas vezes vistos na História do futebol, que a liga inglesa é considerada justamente a maior do mundo (mesmo que nem sequer seja especialmente "bem jogada", seja o que for que isso quer dizer).

Isso deu-me uma ideia sobre o que seria apropriado para uma boa conversa de café: a importância da Liga portuguesa. Acabámos de a ganhar, e meus amigos, apesar de todas as boas sensações que isso proporciona não posso evitar constatar que o entusiasmo não foi exatamente o mesmo de outras eras. Uma parte da explicação para tal encontra-se em razões endógenas ao FC Porto (jogámos mal, fomos eliminados de todas as competições a eliminar, temos um plantel sul-americano com poucos jogadores verdadeiramente venerados pelos adeptos, e tresandamos a potencial mal aproveitado - porque este mesmo plantel daria para muito mais, como bem nos lembramos). Outra parte, no entanto, relaciona-se com a competição em si - nós gostamos de diminuir o campeonato português, como gostamos de diminuir os nossos outros produtos. Mas a verdade é que esta é a quinta (ok, ou sexta) melhor Liga da Europa. E se é da Europa, também é bem capaz de ser do mundo.

Claramente acima da Liga portuguesa só há quatro: Premier League, La Liga, Bundesliga e Serie A. Depois há a Ligue 1, que cresceu muito nos últimos anos e aproveita finalmente a magnitude da economia francesa – até há pouco tempo era possível argumentar persuasivamente que a Ligue 1 estava abaixo da portuguesa, mas hoje em dia isso parece um tanto wishful thinking, mesmo que o ranking da UEFA nos coloque à frente, em quinto lugar...

Quinto lugar na Europa, apenas atrás dos quatro (ou cinco) grandes países europeus, com populações que variam entre quatro e oito vezes a nossa, cidades maiores, mais ricas e mais bem distribuídas, e economias globais bem mais pujantes: eis o pequeno milagre da Liga portuguesa, a "melhor" entre as médias Ligas. Dúvidas? Basta pensarmos que nenhum campeão neerlandês, belga, sueco, polaco, grego ou russo conseguiria vencer o campeonato em Portugal. Nem sequer o francês o conseguiria (é o Montpellier que o vai fazer em França).

Então qual é o problema? O problema é que esta competitividade se baseia nas equipas de topo da tabela, que são quatro. Seguindo o triste exemplo do país, a Liga portuguesa é desequilibradíssima: o fosso entre os melhores é tipificado por um FC Porto que vai estar no pote 1 da LC e um Leiria que não tem dinheiro para apresentar 11 jogadores em campo, e de qualquer forma não interessa porque as bancadas estão sempre preenchidas com 800 adeptos, num dia de sol...

E mais problemas? Para o FC Porto, são os adversários. Passamos uma época em que internamente só temos uma meia-dúzia de jogos difíceis, é natural que sintamos dificuldades quando jogamos na Europa e o ritmo aumenta. E mesmo os nossos adversários de peso, francamente, são execráveis. Não sabem ganhar, no que é típico da sua arrogância, e sobretudo não sabem perder, mesmo tendo muito mais prática neste último caso. O clube do regime é sintomático: tiros nos pés da indústria sistemáticos. Sempre a descredibilizar o seu negócio, sempre a cuspir no prato em que comem, sempre a viver entre a bílis e a azia.

Gostava que os pratos da balança mudassem definitivamente entre as competições nacionais e as europeias: a Liga semanal, aos fins de semana, seria a Europeia, e em Portugal jogar-se-ia uma competição mais curta para escolher os três representantes naquela. O FC Porto merece jogar com os melhores, e numa competição mais sã; os nossos adversários parecem determinados em destruir a sexta melhor Liga da Europa. Para começar, parece que vamos mesmo jogar com 18 clubes...

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