Cimbalinos revisitados - "Palavra de Pai"

Os chutos que (ainda) vou dando numa bola, devo-os ao meu pai. Desde novo que a bola de futebol fez parte dos brinquedos lá da casa. Com ele e com os meus primos, as futeboladas de rua eram prato do dia. O meu Pai teve a honra de defender as cores do FC Porto em juvenis numa equipa que contava, entre outros, com António Oliveira. Depois, devido ao trabalho e às políticas pré-25 de Abril, o futebol ficou para trás, isso e a miopia, levaram-no para o futebol de salão, onde ainda o vi a jogar muito e bem. Isto tudo para falar do primeiro jogo oficial de Jardel pelo Porto. Jornada inaugural do campeonato, Porto-Setúbal nas Antas. Fui ver o jogo com ele e com o meu primo.

Era o primeiro jogo da era Oliveira (o tal) no banco do Porto. Um tal de Jardel estava no banco. Do rapaz tinha visto apenas um golito na pré-época feito ao Boavista, que ele festejou muito. O resto não conhecia o homem, parecia alto de mais e um pouco desmanzelado.

No Porto-Setúbal jogou o nosso Domingos de início. Falhou um penálti com o resultado a 0-0. Jogo típico de início de ano com muita precipitação. Aos 16 minutos o Setúbal fez o 0-1. Logo aos 22 minutos Jardel entrou. No primeiro cabeceamento que faz a bola vai à trave. Para mim, preocupado com o resultado, não passou de um cabeceamento normal, mas o meu pai disse logo: "Este moço cabeceia bem, vai marcar muitos golos". Não liguei. Aos 71 minutos o Setúbal fez o 0-2. Aos 84 Jardel marcou de cabeça (!) e Domingos ao cair do pano empatou.

De facto "o moço" cabeceava bem, o meu Pai não se enganou. (até hoje, a única camisola que tenho do Porto é com o número 16 nas costas e o nome Jardel).