Lendo o artigo anterior do nosso amigo BP, abro aqui uma rubrica nova para tornar o defeso menos penoso para mim. "Cimbalinos revisitados" será um espaço onde recordarei episódios pessoais, uns mais intensos que outros, com o nosso FC Porto. Não se trata de saudosismo, filosofia mais dada a outros clubes, mas apenas de um exercício lúdico, tendo sempre em conta que o presente e o futuro do clube se alicerçam nos acontecimentos do passado.
Pegando na vitória dessa Taça UEFA, recordo esse dia/noite memorável na História do Dragão.
Organizei em casa no Porto, com vários amigos portistas mas não só, o visionamento do jogo. A "cerimónia" começou cedo com muita Super Bock a refrescar um dos fins de tarde mais quentes que tenho memória. Se é verdade que em Sevilha o calor era abrasador, por cá esse dia de Maio não ficava atrás.
O jogo foi apaixonante. Na altura a emoção e a intensidade eram tantas que nem consegui apreciar a exibição da equipa com olhos de ver, mas algum tempo depois já com o caneco no museu, ver esse Porto jogar, uma equipa quase 100% portuguesa, organizada como nunca, foi um prazer enorme. Deco, por exemplo, fez daquelas exibições que noutro clube qualquer lhe valeria uma Bola de Ouro.
O que é certo é que ao apito inicial, aqui este vosso amigo, já estava entrava na ebriedade com os nervos à mistura. No primeiro golo a explosão foi a dois tempos, com o primeiro remate do Alenitchev a ser defendido e depois o nosso Ninja a empurrar para o golo. Saltei claro, como todos os que lá estavam. O Porto de Mourinho, apanhando-se a ganhar dificilmente perdia, e chegar ao intervalo a ganhar dava-me quase a certeza de vitória. Mas tinha-me esquecido de Larson e do espírito de luta daqueles escoceses. 1-1 num golo de cabeça fantástico, regressei à terra. Mas o Porto dessa altura tinha a força de reagir e o segundo golo por Alenitchev é mais um trabalho brilhante de Deco. Novo salto, era agora, de novo em vantagem era impensável não vencer. Mas Larson deu mais uma cabeçada na coisa e empatou tudo de novo!
Confesso que nessa altura já eu estava rodeado de garrafas vazias e os meus níveis de nervosismo subiam para valores novos, altos, muito altos, algo muito raro em mim. Prolongamento, não aguentava mais e no início da segunda parte do prolongamento, fiz o que nunca tinha feito (nem voltei a fazer) durante um jogo do Porto: saí da sala e fui fazer a barba! É verdade! É certo que a Unicer é culpada de tal, mas os nervos eram tantos que deixei convidados e a televisão e fui fazer a barba! Até que ouvi um primeiro grito, talvez quando o Marco Ferreira disputou a bola com o guarda-redes, seguidos de uns dois ou três "VAI", que seria quando a bola chegou a Derlei e ele simulava o remate... até que rebentou na minha sala o "GOLO". O cenário foi o seguinte: saí disparado do quarto-de-banho com meia barba feita e outra por fazer, e vi portistas a gritar e até um amigo benfiquista, o Mário, a gritar, e na tv um monte azul e branco de jogadores e de repente Mourinho de joelhos a chorar e a ser beijado pelo André. A loucura.
Ao apito final nova explosão, nova corrida à janela e varanda e em dois minutos lá acabei de fazer a barba. Saímos à rua na Foz, tudo azul e branco. Eu já mais que sóbrio com tanta adrenalina fui beber mais uns canecos. esperei pelos heróis no Dragão até bem cedinho de manhã, e sem o saber, passado um ano estaria ali de novo à espera de outro caneco, um ainda melhor!
Grande ideia, excelente rubrica! Aguardamos com expectativa!.... Em gelsenkirchen o que te aconteceu? Depilação com cera...? Abraço amigo
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