domingo, 22 de julho de 2012

A melhor análise do Europeu, by far...

Inglaterra – selecção que chega sempre aos grandes campeonatos com expectativas irrealistas e sai normalmente nos quartos-de-final. Desta vez as expectativas eram mais baixas mas, demonstrando um invulgar apego às tradições, voltou a ser eliminada nos quartos-de-final e nos penalties, gerando uma discussão sobre os atributos técnicos dos jogadores ingleses que pode ser interrompida a qualquer momento pela introdução de duas palavras: Andy Carroll.

Alemanha – a maior revolução futebolístico-cultural dos últimos anos é a lenta mas vigorosa ascensão da Alemanha ao panteão das equipas simpáticas. É verdade que permanecem por lá o gestapiano Schweinsteiger e dois polacos francamente detestáveis, mas é impossível não sentir alguma ternura pelo melancólico Ozil (apesar do olhar peterlorresco de vampiro de Dusseldorf) e não apreciar a elegância antroponímica e futebolística de um Mats Hummels, um central tão diletante e artístico que transforma retroativamente Jurgen Kohler e Guido Buchwald em contemporâneos dos rabiscadores de Foz Côa.

República Checa – o lateral-direito era preto, uma vantagem cromática indiscutível na hora de se escolher os melhores do campeonato. Se o lateral-direito dos Camarões fosse o João Pereira…estão a ver a ideia.

Ucrânia – tiveram direito à festa com uma vitória sobre a Suécia e dois golos do Shevchenko. Depois foram vítimas do erro mais grave de arbitragem e foram eliminados. Podem regressar calmamente ao envenenamento de políticos e aos desastres nucleares, matérias em que se sentem muito mais à vontade.

República da Irlanda – ah, a velha raposa, a sabedoria da velha raposa, o estilo da velha raposa. Os adeptos foram os melhores, mas não é muito lisonjeiro para a velha raposa e os seus onze Paddies imaginar que se tivessem sido os adeptos a jogar, até com a mesma taxa de alcoolemia, os resultados não teriam sido diferentes. Ah, a velha raposa!

França – schadenfreude. Os maiores especialistas do mundo em demolição interna voltaram a atacar. Laurent Blanc, com aquele ar de professor da Provença, contribuiu para a grande revolução táctica deste campeonato: a introdução em simultâneo de dois laterais-direitos no jogo contra a Espanha. Resultado: sofreram o primeiro golo por esse lado. Não precisam de um treinador, nem de um Platini, nem de um Zidane: precisam de um de Gaulle.

Holanda – a lenda é conhecida: os jogadores holandeses são tão inteligentes que discutem aspectos tácticos com os treinadores, intervêm nas palestras e corrigem posicionamentos. Portanto, a federação holandesa tem um grande desafio: manter o elevado padrão técnico-táctico dos jogadores diminuindo gradualmente os índices intelectuais para níveis próximos dos do Fábio Coentrão.

Espanha – que dizer da insuportável brigada de anões castelhanos? Um comentador do Guardian (as maiores autoridades desportivas da atualidade) dizia que o futebol de Espanha tem a beleza de uma colónia de térmitas, mas não de uma obra de arte. Será mentira? Se não fossem as intermináveis horas de suplício a que temos sido submetidos nos últimos quatro anos quem é que seria capaz de distinguir o Xavi do Iniesta? Os passes são, como ouvi no outro dia, de “régua e esquadro”, há sempre duas ou três linhas de passe e desde que o gordo da minha rua levou a bola para casa a meio de um jogo que uma equipa não tinha tanta posse de bola (“la posésion del balón”, ou o caralho). Esta orquestra de ratos de laboratório paridos em La Masía comete o sacrilégio de pôr o Pirlo a fazer de André. É esta merda o futuro do futebol? Dêem-me o Vítor Baptista à procura do brinco.

Portugal – há quarenta anos a jogar sem ponta-de-lança e há 12 a jogar sem guarda-redes lá conseguimos chegar mais uma vez a umas meias-finais, claramente o limite teleológico das nossas capacidades. Se, da próxima vez que lá chegarmos, pusermos os nossos jogadores a enfrentar uma equipa composta por residentes da Casa do Artista tenho a certeza que também perdemos. E quem der como exemplo 2004 bem pode ir à merda.

Polónia – os dois melhores jogadores polacos representam a Alemanha. O que é que estes gajos queriam?

Rússia – ainda traumatizados com a derrota de 88, os russos continuam a investir na holandização do seu futebol. Para infortúnio dos russos, as regras da UEFA impedem-nos de jogar contra eles próprios, que seria a única forma de ganharem alguma coisa. Têm a virtude de arrancar grandes exibições que obrigam os adeptos a decorar nomes como Kerzhakov ou Dzagoev. Depois, desaparecem à velocidade de garrafas de vodka em casa de Boris Ieltsine. Alguém falou em ejaculação precoce?

Dinamarca – têm bons jogadores, bom treinador e boa organização. Faltou-lhes uma guerra nos Balcãs.

Grécia – desejosos de redenção económica por vias futebolísticas, apoiados por toda a esquerda europeia e treinados por esse íman de desgraças que é Fernando Santos, os gregos voltaram a demonstrar que, geneticamente, são o povo da Europa Ocidental menos dotado para a prática do futebol.

Suécia – Perderam com a Inglaterra.

Croácia – Bilic, Modric.

Itália – Precisam da motivação Pirlo de um escândalo para carburarem Pirlo. Tal como a Alemanha, é uma equipa cada vez mais simpática e Pirlo até se diz que, dentro de 10-15 anos, serão capazes de marcar mais de 2 golos num só Pirlo. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para dizer ao José Peseiro que o nome de Andrea Pirlo não é Andrea Pilro, por muito que todos gostássemos que o nome deste génio pudesse rimar com espilro.

->>> No genial circo da lama

Sem comentários:

Enviar um comentário