quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A arte de fazer balanços

A arte de fazer balanços é de personalidade múltipla. Posso dizer, em relação ao Porto, que do início da época até agora a coisa está num título conquistado, vitória na Champions e liderança na Liga. Não é mau. Poderia também dizer que apesar de tudo, o futebol apresentado não é o melhor e que Paulo Fonseca (PF a partir deste momento) ainda não mostrou estaleca total para comandar as tropas.



No fundo, numa de não estar nem muito longe da verdade nem muito perto da incorrecção, posso dizer que os resultados são bons mas que o futebol é assim assim.

Na supertaça nada a dizer. A equipa rebentou com o Guimarães, jogou com uma dinâmica muito boa e foi o Porto habitual das decisões: objectivo e dominador.

Na Champions e na Liga pode dizer-se que a coisa foi mais aos tropeções. O último jogo com o Estoril, apesar dos erros incríveis do árbitro, a equipa não esteve bem e pior esteve o treinador a demorar uma eternidade para mudar algo (será um mal genético dos treinadores tugas?). Sobretudo fora de casa, já deu para entender que o Porto precisa de ser bem melhor. A quantidade de passes falhados é assustadora. Os adversários já perceberam que deixando os centrais azuis e o Fernando soltos não é um problema, porque a qualidade de passe é medíocre. O brasileiro então mete dó. Como se pode ser tão bom numas coisas (posicionamento, recuperação de bola) e tão mau noutras (recepção, passe)? Quanto aos centrais, faltam duas coisas: treino específico no passe longo e sobretudo uma nova mentalidade! Mangala e Otamendi são tão bons, tão bons que por isso falham demasiado. Digo a sério. Se ambos jogassem com metade da impetuosidade com que jogam seriam perfeitos. Se meterem na cabeça que nem todo o lance é para ganhar logo, que nem toda a bola dividida é a final de um Mundial, se doseassem essa raça, a perfeição seria possível. Como ainda não chegaram lá, o Porto vai apanhar sustos e muitos, até porque do lado direito da defesa não está um defesa direito. Que me perdoem os amantes de Danilo, mas ainda hoje me parece o elo mais fraco defensivamente. É curioso que das poucas vezes em que o rapaz faz o que deve o Porto é eficaz, só prova que ele tem valor, muito até, mas que raramente o põe a funcionar.

O meio campo é outra questão. Quintero poderá ser solução sim, e tem de jogar mais tempo, mas acho que para já, tirando um jogo em casa, deve entrar na segunda parte quando o jogo está encaixado. Jogar de início já, é vê-lo mingar. Ainda assim, aquilo ali é um pedaço de talento como já não se via há muito. E depois tem aquela aura de futebol do passado, impossível não gostar.


Defour, o mal amado vai ser o que foi no ano passado: suplente/titular/suplente. Até porque Josué me parece já um jogador feito, tacticamente muito bom (defeito enorme apenas na quantidade de faltas que faz) e esquerdino com toques mágicos. Sim, mágicos. Josué mostrou dois ou três detalhes já que passaram despercebidos, mas são importantes porque o Porto de VP padeceu de falta de magia.

Lucho é um senhor, um capitão não de voz mas de exemplo. Preferia que não tivesse de correr tanto, pensei que este ano fosse diferente, mas já deu para perceber que tem de continuar a fazer correrias escusadas para espevitar o resto.

Jackson é uma máquina. O processo de renovação arrasta-se e talvez por isso pareça menos feliz, mas marca e para mim chega. sim falhou alguns golos, mas um avançado vive deles e ele vai molhando a sopa.

As alas. Pois, as alas. Licá é uma boa surpresa mas falta escola. O esforço é total mas tirando no último terço do terreno, parece-me perdido.
Varela que jogue e sempre. Eu sei que muito portista não gosta dele, mas é de uma utilidade maior do que parece. Não se peça ao Varela que seja o decisor, era bom aparecer mais um ala bom e em forma para animar as faixas.


Dito tudo isto julgo que mais uma vez haverá campeonato até ao fim e o que o Porto estará na decisão. Na Champions dependerá muito da resposta frente ao Atlético para ver o arcaboiço da rapaziada, mas acima de tudo, para ver o arcaboiço do treinador. PF chegou agora, tudo é novo, tudo é fantástico como ele diz... mas agora é que começa a sério, e apesar do Porto ser um clube "fácil" de se treinar, não é para todos, porque a "facilidade" esteve sempre na arte de aproveitar a qualidade existente. E por muito que eu tenha batido em VP no passado, ele lá ganhou duas ligas, não se ficou por uma Supertaça.

1 comentário:

  1. Bem vindo de volta! Fazes muita falta a este balcão.

    Concordo praticamente com tudo, mas em especial com isto: "Mangala e Otamendi são tão bons, tão bons que por isso falham demasiado." São bons, são muito bons. O campeonato é fraco e eles acham que são bons demais para ele. Só que a sobranceria acaba por fazer com acabem a levar baile de Cardozos do Setúbal, de Luís Elias da vida ou dos toscos do Viena..!

    Sobre Jackson, se estivesse com a cabeça no lugar já tinha 7 ou 8 golos. Custa-me a displicência. Faltou uma palavra sobre a atitude de Alex Sandro, que parece que ainda não ter percebido que o Verão acabou e as peladinhas na praia também.

    Lucho: ídolo.

    Grande abraço.

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