quarta-feira, 11 de abril de 2012

Da esplanada - o próximo treinador do FCP: Domingos Paciência



Após um breve interregno, regresso a este nosso exercício prospetivo. Como tem sido comentado nas mesas deste Café, o tempo tem sido de cerrar fileiras em torno de VP e de concentrar toda a energia no apoio à equipa, por mais que ambos nos continuem a fazer sofrer esta época. Porém, VP tem mais 4 jogos à frente do FCP, pelo que encontrar um novo treinador é uma tarefa premente.

Tenho sido instigado com decretos reais e até brincadeiras de 1 de abril, o que, por um lado, revela o desígnio nacional (da nação portista, entenda-se) que é encontrar um treinador que esteja à altura da tarefa, e, por outro, as movimentações de empresários que procuram influenciar a linha editorial deste Café. Saibam uns e outros que tomamos as devidas notas, de lápis na orelha, enquanto tiramos mais um cimbalino.

Como tal, depois de Vítor Pereira, Pedro Emanuel e Leonardo Jardim, chegamos, a pedido de muitas famílias, a Domingos Paciência.

Vamos às considerações.

Attack, attack

- é, de todos os que considero possíveis e desejáveis, o que talvez conheça melhor o FCP por dentro, depois das épocas gloriosas que por lá viveu, do jogador carismático que foi e da empatia especial com os adeptos que sempre teve, mesmo como treinador de equipas adversárias. Domingos é dos jogadores que mais saudades tenho quando vejo alguns dos erros de casting que nos têm acontecido mais vezes do que seria desejável;

- o trabalho que fez nos últimos anos, especialmente no Braga, revelam um treinador em amadurecimento, com ideias definidas sobre o que quer das suas equipas, que procura que funcionem como um bloco compacto, certas defensivamente, que cometem poucos erros e saem para o ataque com criatividade e objetividade. Confesso que, face ao FCP desconcentrado e passivo defensivamente desta época, com movimentos atacantes previsíveis e dependentes de inspirações individuais, o perfil do Domingos de Braga seduz.

- Levar a Académica ao 7º lugar e o Braga ao 2º lugar, em épocas seguidas é resultado de um trabalho sólido e não me parece resultar de sorte ou acaso. Levar o Braga à final da liga Europa, depois de eliminar o Liverpool e o Dínamo de Kiev, não esquecendo s 9 pontos feitos num grupo da Champions onde estavam Arsenal e Shaktar, soam a feitos ainda mais heróicos depois da caminhada derrocada europeia do FCP deste ano;

- é um treinador que aposta em jogadores portugueses, que os motiva e valoriza. Insisto que o nosso modelo de gestão desportiva deve re-orientar-se neste sentido, especialmente com as dificuldades financeiras atuais e futuras... 

- confesso que gostei do SCP desta época até ao jogo da Luz: uma equipa agressiva, com soluções, motivada. É certo que aquilo estava tudo preso por arames, mas isso deve-se mais à (ausência de) estrutura do que ao treinador e à equipa, onde mais de 70% eram jogadores novos;


Vocês sabem do que estou a falar:

- o modelo de jogo que resultou na Académica e no Braga, e que podia implantar-se no atual Sporting, parecia-me por vezes demasiado defensivo, com muita contenção e demasiado na expectativa para poder desferir o golpe no adversário. Foi assim que eliminou os grandes na Europa e que subjugou o mestre da tática e da chiclet nas meias-finais da Liga Europa. O único que não foi nessa cantiga foi o AVB, na final da Liga Europa. Não tivemos tempo de ver o que seria o Sporting de Domingos, mas tenho sérias dúvidas quanto à aplicabilidade deste modelo de jogo ao FCP;

- a liderança: pode ser impressão minha, mas acho que a carreira de Domingos até agora tem revelado um perfil de liderança ainda frágil, especialmente em Leiria e também no SCP. Acho que precisamos de alguém que assuma uma liderança serena, mas confiante e assertiva, sem show-off nem vaidades, mas com fleuma e segurança. Não estou convencido que Domingos tenha isto;

- diga-se o que se disser, saiu fragilizado do SCP, pois era o teste a sério no mundo do grandes, depois das campanhas de sucesso em Coimbra e em Braga. Não digo que Domingos tenha falhado, mas é seguro afirmar que não triunfou. E isso coloca uma pressão adicional na sua próxima etapa como treinador: se for para o FCP, a sua margem de erro estreitou-se muito depois de já ter passado pelo terceiro maior clube nacional em termos de títulos. Jogará a definição da sua carreira: ou se afirma como treinador vencedor e de topo, ou terá de dar um passo atrás e voltar a um clube com um nível de pressão diferente. Porém, o FCP já esgotou o seu cartucho de experiências de laboratório esta época.


Dito tudo isto, eu gosto do Domingos e acredito que, se a época for planeada por ele, com as contratações e as vendas/dispensas acertadas (dedicarei brevemente um Post a este assunto), pode ser uma boa escolha. É portista, identificado com o clube e com um capital de moral singular junto dos adeptos, tem ideias modernas e evoluídas sobre o futebol e o modo de estruturar as suas equipas com os recursos à disposição. E, como disse, gosto do estilo e humildade à Porto, em que se trabalha mais do que o que se fala, em que se ganha mais do que se faz capas de jornais.

Se vier, virá por bem e é indiscutivelmente dos nossos. Está no meu top 3.

3 comentários:

  1. Mais um grande fascículo! Estás em grande forma...
    Este é o meu candidato preferido, como já te tinha dito. E estando eu de acordo contigo na generalidade, na especialidade a informação que tenho (e que na altura me surpreendeu) é de que o DP impôs uma disciplina férrea no Braga (no Sporting não sei) e que esse era um dos mais vincados traços do seu carácter.
    Se tomares esta informação como boa, é menos um "Vocês sabem do que eu estou a falar".
    Daria/dará um grande treinador no FCP, não tenho dúvidas.

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  2. @ BP

    concordo contigo; penso que será o próximo treinador do nosso FC Porto.

    falhou em Alvalade pelo simples facto de que (n)aquele clube (dito «grande»), em falência administrativa há muito tempo, "quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades".
    ou seja: como esteve num clube sem uma liderança forte, foi sempre o elo mais frágil quando se viu alvo de críticas pouco ou nada sustentadas. aliás e se assim não fosse, não teria havido o volte-face das 48h que antecederam a sua demissão.

    é certo que, no nosso FC Porto e a ser o próximo treinador, tal não acontecerá. basta analisar a força férrea com que o nosso grande presidente - o nosso querido líder (expressão utilizada propositadamente) - defendeu o (ainda) treinador actual do FC Porto.

    somos Porto!, car@go!
    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    abr@ço
    Miguel | Tomo II

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  3. BP,

    disciplina e SCP são duas palavras tão ou mais difíceis de colocar na mesma frase que o ricky marcar um golo isolado em frente ao redes adversário... ( não escrevo o nome do ignobil fala barato do sl saudade ).
    Esse teste ( o da disciplina ), naquele clube nem o Estaline passava.

    Quanto ao resto, o Mingos tinha o campeonato ganho em Fevereiro se tivese à sua disposição o plantel mais caro de sempre como temos este ano.

    Resta o verdadeiro tour de force do FC Porto do século XXI... a Europa, nomeadamente a Champions... Nesse contexto específico, o registo das equipas do Paciência é óptimo... Sevilha, Lazio, Celtic,Arsenal ou Liverpool e aquela agremiação que eliminaram nas meias do ano passado antes de terem o privilégio de estar presentes em mais um jogo com o FCP.

    O único senão, é aquele jeitinho lamurioso, queixinhas, calimerico que ele põe nas declarações e conferências de imprensa... mas isso também se aprende no Olival. O Moutinho caía e chorava mais vezes que um bebé e agora é mais rijo que robocop.

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