Após um breve interregno, regresso a este nosso exercício prospetivo. Como tem sido
comentado nas mesas deste Café, o tempo tem sido de cerrar fileiras em torno de VP e de
concentrar toda a energia no apoio à equipa, por mais que ambos nos continuem a fazer sofrer
esta época.
Porém, VP
tem mais 4 jogos à
frente do FCP, pelo que encontrar um novo treinador é uma tarefa premente.
Tenho sido instigado com decretos reais e até brincadeiras de 1 de abril, o
que, por um lado, revela o desígnio
nacional (da nação
portista, entenda-se) que é encontrar um treinador que esteja à altura da tarefa, e, por outro, as movimentações de empresários que procuram influenciar a linha editorial deste Café. Saibam uns e
outros que tomamos as devidas notas, de lápis na orelha, enquanto tiramos mais um cimbalino.
Como tal, depois de Vítor Pereira, Pedro Emanuel e Leonardo Jardim, chegamos, a
pedido de muitas famílias, a Domingos Paciência.
Vamos às considerações.
Attack, attack
- é, de todos os que considero possíveis e desejáveis, o que talvez conheça melhor o FCP por dentro,
depois das épocas
gloriosas que por lá viveu, do jogador carismático que foi e da empatia
especial com os adeptos que sempre teve, mesmo como treinador de equipas adversárias. Domingos é dos jogadores que mais
saudades tenho quando vejo alguns dos erros de casting que nos têm acontecido mais vezes do que
seria desejável;
- o trabalho que fez nos últimos anos, especialmente no
Braga, revelam um treinador em amadurecimento, com ideias definidas sobre o que
quer das suas equipas, que procura que funcionem como um bloco compacto, certas
defensivamente, que cometem poucos erros e saem para o ataque com criatividade
e objetividade. Confesso que, face ao FCP desconcentrado e passivo
defensivamente desta época, com movimentos atacantes previsíveis e dependentes de inspirações individuais, o perfil do
Domingos de Braga seduz.
- Levar a Académica ao 7º lugar e o Braga ao 2º lugar, em épocas seguidas é resultado de um trabalho sólido e não me parece resultar de sorte
ou acaso. Levar o Braga à final da liga Europa, depois de eliminar o Liverpool e o Dínamo de Kiev, não esquecendo s 9 pontos feitos
num grupo da Champions onde estavam Arsenal e Shaktar, soam a feitos ainda mais
heróicos
depois da caminhada derrocada europeia do FCP deste ano;
- é um treinador que aposta em jogadores portugueses, que os
motiva e valoriza. Insisto que o nosso modelo de gestão desportiva deve
re-orientar-se neste sentido, especialmente com as dificuldades financeiras
atuais e futuras...
- confesso que gostei do SCP desta época até ao jogo da Luz: uma equipa
agressiva, com soluções, motivada. É certo que aquilo estava tudo preso por arames, mas isso
deve-se mais à (ausência de) estrutura do que ao
treinador e à
equipa, onde mais de 70% eram jogadores novos;
Vocês sabem do que estou a falar:
- o modelo de jogo que resultou na Académica e no Braga, e que podia
implantar-se no atual Sporting, parecia-me por vezes demasiado defensivo, com
muita contenção e
demasiado na expectativa para poder desferir o golpe no adversário. Foi assim que eliminou os
grandes na Europa e que subjugou o mestre da tática e da chiclet nas
meias-finais da Liga Europa. O único que não foi nessa cantiga foi o AVB, na final da Liga Europa. Não tivemos tempo de ver o que
seria o Sporting de Domingos, mas tenho sérias dúvidas quanto à aplicabilidade deste modelo de jogo ao FCP;
- a liderança: pode ser impressão minha, mas acho que a carreira de Domingos até agora tem revelado um perfil
de liderança
ainda frágil,
especialmente em Leiria e também no SCP. Acho que precisamos de alguém que assuma uma liderança serena, mas confiante e
assertiva, sem show-off nem vaidades, mas com fleuma e segurança. Não estou convencido que
Domingos tenha isto;
- diga-se o que se disser, saiu fragilizado do SCP, pois
era o teste a sério
no mundo do grandes, depois das campanhas de sucesso em Coimbra e em Braga. Não digo que Domingos tenha
falhado, mas é
seguro afirmar que não triunfou. E isso coloca uma pressão adicional na sua próxima etapa como treinador: se
for para o FCP, a sua margem de erro estreitou-se muito depois de já ter passado pelo terceiro
maior clube nacional em termos de títulos. Jogará a definição da sua carreira: ou se afirma como treinador vencedor e
de topo, ou terá de
dar um passo atrás e
voltar a um clube com um nível de pressão diferente. Porém, o FCP já esgotou o seu cartucho de experiências de laboratório esta época.
Dito tudo isto, eu gosto do Domingos e acredito que, se a época for planeada por ele, com
as contratações e
as vendas/dispensas acertadas (dedicarei brevemente um Post a este assunto),
pode ser uma boa escolha. É portista, identificado com o clube e com um capital de
moral singular junto dos adeptos, tem ideias modernas e evoluídas sobre o futebol e o modo
de estruturar as suas equipas com os recursos à disposição. E, como disse, gosto do
estilo e humildade à Porto, em que se trabalha mais do que o que se fala, em
que se ganha mais do que se faz capas de jornais.
Se vier, virá por bem e é indiscutivelmente dos nossos. Está no meu top 3.
Mais um grande fascículo! Estás em grande forma...
ResponderEliminarEste é o meu candidato preferido, como já te tinha dito. E estando eu de acordo contigo na generalidade, na especialidade a informação que tenho (e que na altura me surpreendeu) é de que o DP impôs uma disciplina férrea no Braga (no Sporting não sei) e que esse era um dos mais vincados traços do seu carácter.
Se tomares esta informação como boa, é menos um "Vocês sabem do que eu estou a falar".
Daria/dará um grande treinador no FCP, não tenho dúvidas.
@ BP
ResponderEliminarconcordo contigo; penso que será o próximo treinador do nosso FC Porto.
falhou em Alvalade pelo simples facto de que (n)aquele clube (dito «grande»), em falência administrativa há muito tempo, "quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades".
ou seja: como esteve num clube sem uma liderança forte, foi sempre o elo mais frágil quando se viu alvo de críticas pouco ou nada sustentadas. aliás e se assim não fosse, não teria havido o volte-face das 48h que antecederam a sua demissão.
é certo que, no nosso FC Porto e a ser o próximo treinador, tal não acontecerá. basta analisar a força férrea com que o nosso grande presidente - o nosso querido líder (expressão utilizada propositadamente) - defendeu o (ainda) treinador actual do FC Porto.
somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!
abr@ço
Miguel | Tomo II
BP,
ResponderEliminardisciplina e SCP são duas palavras tão ou mais difíceis de colocar na mesma frase que o ricky marcar um golo isolado em frente ao redes adversário... ( não escrevo o nome do ignobil fala barato do sl saudade ).
Esse teste ( o da disciplina ), naquele clube nem o Estaline passava.
Quanto ao resto, o Mingos tinha o campeonato ganho em Fevereiro se tivese à sua disposição o plantel mais caro de sempre como temos este ano.
Resta o verdadeiro tour de force do FC Porto do século XXI... a Europa, nomeadamente a Champions... Nesse contexto específico, o registo das equipas do Paciência é óptimo... Sevilha, Lazio, Celtic,Arsenal ou Liverpool e aquela agremiação que eliminaram nas meias do ano passado antes de terem o privilégio de estar presentes em mais um jogo com o FCP.
O único senão, é aquele jeitinho lamurioso, queixinhas, calimerico que ele põe nas declarações e conferências de imprensa... mas isso também se aprende no Olival. O Moutinho caía e chorava mais vezes que um bebé e agora é mais rijo que robocop.