sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A época está a acabar-se primeiro do que as desculpas

Não quis escrever no blog antes do jogo para não espicaçar os supersticiosos, mas é óbvio que este resultado de 1-2 não me surpreende. Voltámos a ter um jogo mais difícil e claro, voltámos a perder. O futebol não é nenhuma ciência oculta: tem imponderáveis, mas continua a ser um jogo de equipa. E como temos pouca equipa, não ganhamos.

Depois de termos saído de forma tristíssima, num grupo onde supostamente seríamos nós o "tubarão", da primeira competição europeia, hoje perdemos em casa logo no primeiro jogo na segunda competição europeia. Da qual somos os campeões em título, mas isso foi em Maio; esta época... "we just haven't earned it, baby".

Vi Mancini no banco do City e não pude evitar lembrar-me de uma das maiores desilusões que apanhei nas Antas: Março de 1995, segunda mão dos quartos de final da Taça das Taças. O FC Porto de Robson (e Mourinho) recebe a Sampdoria, então uma das melhores equipas do mundo, depois de ter ido ganhar 1-0 a Génova numa exibição soberba de uma equipa portista feita com muito pouco dinheiro (o ataque era constituído por Latapy, Rui Barros, Domingos e Yuran, tudo jogadores que chegaram a "custo zero"). Mancini marcou nas Antas e os italianos ganharam nos penaltis... hoje, o nosso orçamento é gigantesco, mas a desilusão foi muito menor, simplesmente porque a ilusão não era muita.

Fomos dominados em toda a linha por um Manchester City que tem bons jogadores, mas não tem grande equipa, e no entanto foi sempre melhor. Mesmo na primeira parte em que o FC Porto teve coração e pernas para jogar rápido, marcar um belo golo e acabar na frente, foram os visitantes os mais perigosos. Hélton salvou várias bolas de golo.

O problema central é sempre o mesmo: o FC Porto atual não tem ideias, plano de jogo, fio de jogo, objetivo, projeto. Chamem-lhe o que quiserem, mas a verdade é que (mesmo com Lucho, que melhora as coisas mas não é santo milagreiro) não sabemos como, quando e por quem havemos de chegar ao golo. Nem sequer sabemos bem como tentar. Os jogos do FC Porto vogam ao sabor da atmosfera, ao correr da jogada: em cada momento, as capacidades individuais de cada jogador (que são altas) ajudam-no a decidir o que fazer, para onde passar. Se ele vê um colega à direita tenta passar à direita, se vê um colega à esquerda tenta passar à esquerda, se não vê ninguém corre mais um pouco. Contra o Setúbal e o Leiria, é suficiente. A um nível mais alto, não chega.

Competição perdida após competição perdida, esta encaminha-se para ser uma longa época em branco. Estamos a recolher toda a incompetência que semeámos no início da mesma, por isso ninguém se pode dizer surpreendido. A mim o que me surpreende - e enoja, para usar o termo correto - é que ainda haja muito portista que engula o chorrilho de desculpas esfarrapadas que ouvimos desde o início da época. É a indefinição, os jogadores que querem sair, os árbitros, a adaptação, os árbitros, os jornais e agora vão ser também as lesões (até tínhamos tido poucas até agora, infelizmente isso mudou). Só que a verdade inconveniente, meus amigos, é que atualmente o FC Porto não joga nada!

Ser treinador (ou administrador) do FC Porto NÃO É arranjar desculpinhas para as derrotas. Ser treinador deste clube é fazer um trabalho enorme, sério e competente para que a equipa ganhe e jogue bem, por esta ordem. Repeti-lo cansa, até porque isto deveria ser evidente. Vítor Pereira, não sei quem tu és nem porque é que treinas o meu clube, mas estás a danificá-lo. És tu o elo mais fraco, adeus.

5 comentários:

  1. Vi Mancini no banco do City e não pude evitar lembrar-me de uma das maiores alegrias que apanhei nas Antas: contra a Lazio há uns 6 anos (não tenho tempo para googlar agora) o Porto fez talvez a melhor exibição de que me lembro.
    Que diferença...

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  2. Foi a 10-04-2003, há quase 9 anos... Incrível como o tempo passa!!!

    http://www.youtube.com/watch?v=OB7qzOKxoDk


    TAÇA UEFA - MEIAS-FINAIS (1ª MÃO)

    FC PORTO-LAZIO

    Estádio das Antas, no Porto
    Hora: 21:00
    Árbitro: Kyros Vassaras (Grécia).

    FC PORTO - Vítor Baía; Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Maniche, Alenitchev, Deco, Derlei, Hélder Postiga.
    Treinador: José Mourinho.
    Suplentes: Nuno, Pedro Emanuel, Ricardo Costa, Tiago, Marco Ferreira, Capucho, Jankauskas.

    LAZIO - Peruzzi; Favalli, Fernando Couto, Mihajlovic, Pancaro, Simeone, Stankovic, César, Fiore, Chiesa, Cláudio Lopez.
    Treinador: Roberto Mancini.
    Suplentes: Marchegiani, Negro, Oddo, Liverani, Giannicheda, Inzaghi, Castroman.

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    1. Reparem bem que faziam parte desta equipa "craques" da craveira dum Postiga ou dum Nuno Valente. A diferença é que o Mourinho faz dos fracos, fortes e dos fortes, fortíssimos. Já o Vítor Pereira...

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  3. Também me lembro bem deste jogo (apesar de estar fora do país, e a querida tv portuguesa não ter transmitido *um único* dos jogos do FCP na Taça UEFA que ganhámos de forma soberba - tive de o ver em diferido). A força e determinação daquela equipa, trabalho de treinador, era algo totalmente fora do comum. Antes desta meia-final tínhamos defrontado o Panathinaikos e perdemos em casa 0-1, mas jogadores, treinador e público, todos acreditávamos que era possível ir à Grécia ganhar e passar. Fomos, ganhámos e passámos. Agora é ao contrário: nem que nos apanhemos a ganhar temos a garantia de chegar ao fim em vantagem, quanto mais virar um jogo, quanto mais virar uma eliminatória, quanto mais ir marcar dois golos a Inglaterra. Não há um único jogador naquele balneário que ainda acredite que vamos passar o Manchester City... até quando vamos ter de assistir a esta destruição da nossa forma de ser? Até quando?

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  4. Ah, só mais uma coisa. Nessa equipa que venceu a Lazio por 4-1 estavam 10 portugueses (pelo menos, selecionáveis por Portugal) em 11. No banco, estavam 6 portugueses em 7. Dos 18 jogadores, 9 tinham jogado nas camadas jovens e/ou na equipa B do FC Porto.

    Não foi nos anos 50. Foi em 2003.

    Obviamente, Vítor Pereira não é o único responsável pela destruição da nossa forma de ser. Longe disso, como eu já digo há anos.

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