domingo, 11 de março de 2012

Da esplanada: o próximo treinador do FCP II - Pedro Emanuel

Tinha um esboço deste post preparado há uns dias, mas decidi retê-lo por dois motivos: o VP tinha direito ao seu estado de graça (que durou exatamente uma semana e um dia) e tinha curiosidade de ver como Pedro Emanuel organizaria a sua equipa frente ao FCP nesta jornada, assumindo eu que esperava não confirmar que a simplicidade com que havia dado uma lição tática na eliminatória da Taça de Portugal não se repetisse no Dragão, e logo nesta altura decisiva.  Apesar de ser penoso ter visto como uma equipa com tão escassos recursos anulou o primeiro classificado desta caricata Liga 2011/2012, fiz bem ter esperado.






Vamos às considerações.

  •        Attack attack

- Pedro Emanuel conhece bem o futebol português, foi campeão, enquanto jogador, por dois clubes (Boavista e FCP) e integrou a equipa técnica de AVB no ano de sonho. No seu período de FCP, bem como atualemente, sempre revelou qualidades de liderança, ponderação e serenidade na sua postura e no seu discurso;

- O seu passado no clube e o prestígio de que goza conferem-lhe o potencial de liderança, à partida, que é decisivo num clube como o FCP. Mais ou menos o mesmo que o VP diz que o balneário ganhou com a chegada do Paulinho Santos (numa confissão implícita de que aquele, de facto, não granjeia essa liderança), mas em melhor e mais polido;

- Apesar de ter feito a sua formação noutro clube, rapidamente assimilou, se identificou e assumiu a mística do que é ser Porto. A propósito da menção que o Zero aqui fez ao Bicho, revi o vídeo desse jogo e a revolta de Pedro Emanuel no lance do golo da equipa adversária demonstra bem o incorformismo e a revolta que estiveram na origem da garra coletiva que permitiu a reviravolta no resultado (a este propósito, é gritante o contraste com a reação da equipa ao golo sofrido ontem com a Académica – a apatia e o conformismo, como se estivessem à espera..). Isto não diz nada da sua capacidade como treinador, mas confere-lhe uma característica que é determinante para mim (como o era em  AVB): sei que se o FCP não ganhar, ele vai para casa tão chateado como eu. E isso contagia (ou deve contagiar) os jogadores;

- A Académica está longe de estar a fazer um campeonato brilhante. Mas também não o havia feito com AVB, antes deste rumar à cadeira de sonho. Porém, nos poucos jogos que vi (designadamente com o FCP e com o. 3º classificado desta Liga à hora que escrevo este post), encontrei uma equipa com muitas limitações em termos de jogadores, mas bem organizada, disciplinada taticamente, agressiva, os jogadores com noções exatas do que estão a fazer em campo, uma noção equilibrada entre a consciência das fraquezas próprias e as possibilidades de explorar as vulnerabilidades alheias. Uma equipa em que não há estrelas nem individualismos, mas na qual o coletivo é claramente maior do a soma aritmética das partes;

- o jogo de ontem: ainda não consigo falar do que vi e do que senti, mas sempre direi que enquanto, de um lado, uma equipa dependia dos jogadores e da sua boa vontade em se motivarem e jogarem um bocadinho de futebol para continuar em primeiro na Liga, do outro havia uma equipa que deve ao seu treinador o belíssimo jogo que fez, com os escassos recursos à sua disposição;

-       
  • -       Vocês sabem do que eu estou a falar

- A inexperiência: seria a terceira aposta de risco seguida de PdC neste formato de treinador português, jovem, com pouca experiência, conhecedor da casa, motivado e com um pensamento moderno sobre o futebol. Com AVB correu muito bem, mas em minha opinião o André é one of a kind. Com VP, mesmo que acabe por correr bem com uma possível conquista do campeonato (que, confesso, muito me surpreenderá), não se pode considerar um opção de sucesso;

- A pressão da próxima época: o risco é ainda maior se considerarmos que o próximo ano será decisivo na vida do FCP, tanto em termos desportivos como no modelo de gestão do clube – haverá menos dinheiro para gastar em contratações milionárias, haverá saídas importantes do plantel (Fernando, Palito, James?), pelo que terá de haver um regresso à formação e à inteligência na gestão do plantel;
- A falta de resultados consistentes: em bom rigor, Pedro Emanuel ainda não provou nada em termos de resultados. A Académica tem feito um campeonato irregular, oscilando entre jogos muitos conseguidos e outros em que revela muitas fragilidades.

Eu gosto do rapaz. Gostei de o ouvir falar no final do jogo que nos valeu o regresso à liderança, há duas semanas, como após o jogo de ontem, em que voltou a casa para mostrar que bastava jogar com linhas altas e pressão no portador da bola, para as “competências” de VP fiquem expostas.
Dito isto, seria uma aposta arriscada, que apoiaria com reservas. Mas o PdC é que sabe.

1 comentário:

  1. Estou completamente de acordo, quer nas vantagens quer nas desvantagens. Seria a minha aposta com reservas...
    O PdC é que sabe no sentido em é ele que decide sozinho, mas também se engana e infelizmente tem-se enganado!

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