É este, Jorge Nuno

Caro Jorge Nuno: permite-me tratar-te assim, com esta familiaridade. Afinal de contas, conhecemo-nos há muitos anos, desde que eu era muito pequenino e tu já eras diretor do futebol do FCP (e amigo do meu avô). Ah, e mais uma vez muito obrigado por aqueles dois bilhetes para Gelsenkirchen. Eu quase caí 20 metros com o golo do Carlos Alberto, mas valeu a pena.

Ouve, escrevo-te com amizade porque parece-me que resolvi finalmente aquele dilema que te tem assaltado: substituir VP em junho, claro, mas por quem? Pois bem, aqui está ele: Sérgio Conceição. Esse mesmo, o menino tão genial como temperamental que fez a nossa melhor ala direita desde Jaime Magalhães. Já tenho a impressão há muito tempo que está ali um tipo que percebe *e* sabe muito de futebol, *e* é um bom condutor de homens. Esta semana, levou um elogio enorme de um treinador de quem gostas muito, Jorge Nuno (vá lá saber-se porquê - acho que é a primeira vez em que eu estou de acordo com o Jesus desde que ele mandou três dos seus jogadores fazerem ali um quadrado). E depois de levar-lhe o elogio, levou-lhe também dois pontos - com uma equipa limitadíssima em qualidade, e com três titulares cuidadosamente castigados neste jogo, mas uma equipa organizada, personalizada, sólida e de uma garra a toda a prova. Faz-te lembrar algo, Jorge Nuno? Era como o FC Porto jogava há duas décadas, quando não tínhamos dinheiro.

Estes dois pontos que o Sérgio nos deu, Jorge Nuno, podem bem significar mais um título para o nosso futuro museu. E olha que não é cedo - lembra-te que a última vez que te aconselhei um treinador que também era suposto estar a começar, ele ganhou o campeonato sem derrotas e a Liga Europa. Olhem para o Sérgio com olhos de ver, por favor.

Teu,

Zero.