segunda-feira, 9 de abril de 2012

A força de um plano

O Porto venceu em Braga. Esta é a máxima que fica, no entanto, vou dizer outras coisas que poderão interessar.
Vítor Pereira entrou em Braga com um plano e o plano resultou. Apesar de eu discordar com o plano, ao qual já irei, a verdade é que resultou, e no fundo, discordando de muito do que vejo na equipa, é que estamos em primeiro e vencemos ultimamente os jogos ditos grandes. Mas... e os "mas" já se sabe, apesar de valerem pouco, vão valendo alguma coisa até um dia poderem vir a ser fundamentais. Mas, dizia eu, o plano foi "esperar". Ora parece-me que, até ao momento, essa forma de encarar os jogos na "expectativa" trouxe-nos mais dissabores do que alegrias. Na teoria, eu percebo que num jogo deste tipo, as cautelas e a inteligência aliadas à maturidade e experiência de uma equipa, possam e devam ser armas a utilizar, mas tendo em conta aos defeitos genéticos apresentados pelo Porto desde o início, a falta de ambição em Braga podia ter-nos custado caro. O plano resultou porque o Porto teve a sorte do jogo. Não digo que não mereceu vencer, porque no limite até mereceu, foi mais matreira como equipa, mas se o Braga tivesse empatado não nos poderíamos queixar.


Não vou entrar nas opções da escolha do onze, como é sabido, cada um de nós terá um onze diferente na cabeça. Não me choca ver Kléber de início ou Rolando no banco, tudo isso, parece-me ser secundário face às exibições dos jogadores (todos eles). A atitude perante o jogo é que é importante. Frente ao Braga o Porto jogou como se estivesse tranquilamente na frente e não apenas com alguns pontos de avanço. O plano, a meu ver, deveria ter sido o oposto.
Nos primeiros minutos foi notório o espaço que havia entre as linhas do Braga. Houve transições que o Porto optou por não fazer incompreensivelmente. Hulk, por exemplo, mas também James, tiveram jogadas em que voltaram para trás, quando o Braga se tinha descompensado (repare-se que as tentativas minhotas (conseguidas ou falhadas), metiam no ataque, os três da frente, Lima, Barbosa e Alan, mais Mossoró e um dos laterais). Aliás, aquelas duas jogadas em que acabam com remates (rematezinhos) do Lucho foram feitas a dois à hora, em momentos em que o Porto tinha igualdade ou até mesmo superioridade numérica na frente. Tudo isto é o reflexo do plano. O plano que resulta num erro do adversário aproveitado por Hulk, que já se sabe, enerva-nos algumas vezes, mas que, para as paragens lusitanas, acaba sempre por ter mais força, mais coxa, mais samba ou mais explosão que os adversários que lhe aparecem à frente, e, por isso, resolve muitos jogos.
Portanto, digamos que o plano resultou e isso é que importa, mas ele é o espelho da época: resultou desta vez, já falhou noutras. Das vezes que falhou foi claramente por não haver um plano alternativo, e o problema parece manter-se, será a nossa sina. A "contenção" com que o Porto aborda os jogos é a imagem de marca de VP. Já nem creio que seja falta de coragem, acho que é mesmo a sua filosofia. O homem acredita naquilo, e contra um homem com fé há pouco a fazer. Esperemos pelo fim para ver se seremos forçados a comungar de novo nessa fé ou se nos libertaremos dos grilhões da crença.

Sobre alguns factos do jogo:

1- Quim faz uma das melhores defesas que já vi, num remate incrível de Hulk. Estes também são os momentos pelos quais gostamos de futebol.

2- Álvaro Pereira fez um mau jogo, tinha um amarelo que o punha de fora no jogo seguinte e fez uma triste figura no banco depois de ser substituído. Não há muito a dizer, o Porto costuma tranquilamente resolver estas coisas internamente, espero que o faça exemplarmente. Não deixa, contudo, de ser um sinal óptimo para a direcção tomar igualmente a decisão correcta no fim do ano quanto ao treinador.

3- Kléber. Não jogou bem é um facto, mas não jogou mal. E é curioso que o Porto nos primeiros vinte minutos da segunda parte, fez mais cruzamentos que em toda a primeira parte. Aos críticos do brasileiro: o rapaz tem 21 anos, foi atirado às feras onde dantes jogava um senhor chamado Falcao, finalmente, não se pode esperar que jogue com confiança depois de ter desaparecido da equipa quando até era dos melhores marcadores, quando Janko esgotou os golos e continou a ser titular e quando passado uns meses de banco, se dá 45 minutos de oportunidade num jogo frente ao Braga em Braga!

4- Defour. Incansável. Não será nunca um jogador fantástico, mas dá muito jeito nesta altura, e relembro que é um tipo que nunca jogou tão recuado no terreno.

1 comentário:

  1. Eu concordo com a análise e acho que o problema é que temos encarado teoricamente jogos menos difíceis com a mesma postura de esperar para ver, na expectativa e/ou de ver no que dá e "fé" de que, mais cedo ou mais tarde, a bola entre, o otamendi não passe a bola ao avançado adversário ou o Rolado não esteja a sonhar com a juventus...

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