quarta-feira, 19 de setembro de 2012

De Zagreb

Duas considerações de prólogo:
 
- Lucho. No dia em que faleceu o pai, o capitão fez um golo e uma exibição de carácter, jogando com e pela equipa. E fê-lo sem recorrer a rasgo de raiva, jogou de sorriso nos lábios e com alegria. Só um homem em paz consigo mesmo e com o mundo poderia tê-lo feito.
 
- Equipamento do Porto: gostei, uma boa surpresa.
 
 
O Porto começou com uma vitória a campanha na Champions. Convém lembrar que no ano passado fez o mesmo e depois aconteceu o que aconteceu.
O jogo de ontem colocou ao Porto os mesmos obstáculos que a maior parte dos jogos da Liga vai colocar à equipa. O adversário era mais fraco, assumiu uma postura defensiva densa, na primeira parte explorou muito timidamente o contra-ataque, na segunda metade, estando já a perder, arriscou um bocadinho mais e acabou aos trambolhões por criar duas situações em que podia ter feito o empate, embora também se tenha de dizer que o Porto esteve mais tempo perto do 0-2 do que do 1-1.
Por partes:
 
- O Porto sem Fernando, logo com Defour, Moutinho e Lucho de início, é uma equipa que eu até aprecio neste tipo de jogos. Isto porque o trio sem o brasileiro tem maior e melhor qualidade de passe e a pressão na recuperação de bola é mais subida, o que permite ao Porto, e permitiu ontem, um massacre na posse de bola na primeira parte. O Porto tentou acelerar o jogo, explorar as faixas, tabelar pelo meio, só não tentou rematar muitas vezes. E depois, acontece aquilo que eu digo desde o ano passado, o sistema obriga o ponta-de-lança a um esforço fora do normal, impedindo-o de estar na área em condições de finalizar. Jackson valeu perto de 9 milhões de euros, tem pormenores que não enganam, mas ainda não conseguiu mostrar na sua plenitude os atributos que lhe dão fama: o jogo de área. e acho que isto acontece porque ele ou por lá anda e a bola não chega ou esgota-se nas tabelas e recepções fora dela. Mas bom, nota-se que luta e que também sabe falhar golos de baliza aberta, se fosse o Kléber ( e foi mal tocou na bola pela primeira vez) era massacrado.
Mas regressando à questão Fenando, como disse, gosto do trio sem o brasileiro neste tipo de jogos e nos inícios, mas na segunda parte a conversa foi outra. Aí notou-se a falta do Polvo. É que enquanto há pernas frescas e/ou o adversário joga mais atrás, o trio Defour-Moutinho-Lucho consegue fazer a tal pressão subida, quando as pilhas começam a falhar ou o adversário sob as linhas, nenhum deles tem a capacidade de recupeção ou de posicionamento do brasileiro. Isso notou-se, num jogo perante um adversário sem grandes argumentos, o Porto perdeu fluidez de jogo na segunda parte sem razão aparente.
É certo que conseguiu sempre ser a melhor equipa mas não há dúvidas que o Porto de VP não é (ainda) uma equipa letal, que consiga desfazer as dúvidas do resultado rapidamente, e isso pode vir a fazer falta, porque sente-se sempre, mesmo quando o Porto até joga bem, que o esforço é tremendo e o desgaste grande.
 
 
- O primeiro jogo sem Hulk també revela que o Porto passa a ter um jogo mais variado. A bola circula melhor, o jogo respira mais. Mas por outro lado perde em objectividade e em explosão. Varela parece estar melhor mas ainda não consegue ganhar aqueles cruzamentos que o Falcao tanto aproveitou; James, sempre talentoso, ainda não tem regularidade nem "peso" sufciente para ser um desiquilibrador por si só, aliás, é muito mais um jogador de colectivo do que um individualista explosivo; Atsu é verdinho embora demonstre pormenores interessantes. No fundo, acho que o Porto terá de procurar mais o jogo do ponto-de-lança para colmatar a saída de Hulk, a fluidez que advém da saída do incrível tem de se traduzir num serviço melhor ao avançado que relembro uma vez mais, custou quase 9 milhões de euros.
 
- Na defesa de realçar a titularidade de Miguel Lopes. Sim, Danillo andou lesionado na semana anterior, mas o português é homem de luta, daquele lado estamos bem servidos. Alec Sandro cresce a olhos vistos, engana muito aquele ar molengão, é raro vê-lo perder uma bola em zonas perigosas. Foi apanhado duas vezes por dois passes que rasgaram entre ele e o central mas houve mérito do adversário, de resto nos duelos é muito mais forte fisicamente do que parece e foi ele que desbloqueou o jogo com a subida antes do primeiro golo. Os centrais estão bem, é complicado ser-se espectador durante 90% do jogo e estar sempre atento e ao melhor nível nos outros 10%, mas essa é a vida de um central do Porto. Hélton, impecável.
 
Concluindo: vitória importante após uma paragem longa de competição e após a saída do jogador mais determinante da equipa nos últimos anos. VP vai fazendo o seu caminho, os olhares continuam atentos claro, a margem é pequena para o homem, mas ele lá caminha, e como eu já disse, VP pode safar-se e bem se as coisas forem correndo benzinho, é um treinador à Jesualdo com as qualidades e defeitos disso mesmo. O problema de VP aparece quando a coisa corre mal e é preciso sacudir... viu-se ontem em Madrid um treinador que precisava de "sacudir" alguma coisa... e sacudiu, com a pinta que sabemos... mas como esse só há um... acarinhemos um pouquinho aquele que temos... para já. Vá lá, que nem tudo é mau.
 

5 comentários:

  1. Só não achei muita piada foi à substituição do James pelo Mangala.. ele estava a ganhar 1-0 e tremeu e colocou mais um defesa para defender um resultado. Não gosto quando se joga a medo... Mas de resto, GRANDE PORTO!! E um grande abraço ao El Comandante (capitão, general, tenente, enfim, o homem é de uma qualidade acima da média!)

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  2. Boa Tarde.
    Neste jogo o foco concentrou-se na forma como o FC Porto ia suprir e superar a saída de Hulk. Pois bem, os dragões supriram e superaram essa perda com domínio,
    principalmente no primeiro tempo e com uma vitória incontestável. Pode não ter sido o jogo perfeito, a exibição de sonho, mas foi um bom jogo e uma boa
    vitória. Os primeiros três pontos da fase de grupos estão no bolso.

      
    PS. Grande profissional é o capitão portista. Lucho soube da morte do pai horas antes do encontro, mas mesmo assim jogou e até marcou. Grande exemplo.

     
    Cumprimentos 
    Ana Andrade 
    www.portistaacemporcento.blogspot.com
    www.artigosonlineanaandrade.blogspot.com 

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  3. Só para esclarecer que ano passado não começamos com uma vitória, mas sim com um empate frente ao Appoel!

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    1. No ano passado, em abono do rigor, começámos com uma vitória, em casa, frente ao Shaktar, no dia 13 de setembro. O empate com o Apoel foi na terceira jornada, em casa, depois de termos perdido com o Zenit. Os resultados estão disponíveis aqui:

      http://www.fcporto.pt/AgendaResultados/EuropaLeague/Resultados/europaleague_resultados.asp

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    2. Aqui o Café serve bagaço mas eu juro que só bebo depois de escrever os artigos! :) Ganhámos o primeiro jogo frente ao Shaktar, embora eu perceba que o descalabro que se seguiu atire essa vitória para o olvido rapidamente. Esperemos que não aconteça o mesmo com esta de Zagreb.

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