É a minha equipa,
é o que conta acima de tudo, e o seu destino é agora indissociável das
qualidades de VP – logo, muito eu gostava que isto fosse mesmo assim e que o
homem fosse o melhor do mundo desde Bobby Robson. Mas a realidade tem esta
mania irritante de vir sempre ao de cima: neste caso, aconteceu mais cedo que
tarde – e na oportunidade seguinte de mostrar uma equipa à imagem do seu
treinador, demonstrando alguma consistência, perdemos ao invés dois pontos preciosíssimos em casa contra o Olhanense. Com mais
uma exibição ingénua, trapalhona e sem nexo, de futebol cheio de vontade mas
jogado sem qualquer discernimento ou ideias claras sobre a melhor forma de
contornar o adversário. Ou seja, o habitual. Em vez de ganhar fôlego e alento
para a fase difícil que vai começar agora, voltaram as dúvidas. Não basta dizer
que se quer uma coisa para que ela aconteça.
Tenho dito entre
o meu círculo de amigos que acredito que o FC Porto será campeão se o outro
candidato chegar ao Dragão, na penúltima jornada, com três pontos ou menos de
avanço – porque acredito que no confronto direto, a ser mesmo necessário,
venceremos esse jogo decisivo. Mas também digo que estou muito preocupado,
porque o FC Porto tem muito mais tendência a perder pontos estúpidos pelo
caminho que o clube do regime. O jogo de hoje reforçou a minha convicção,
porque alguma vez teríamos de pagar pelos erros de planificação que vamos
acumulando. Refiro aqui alguns – só de passagem, mesmo que cada um destes quase
justificasse um artigo por si só:
A estado
lastimável do nosso (segundo esta época) relvado já provocou directamente pelo
menos duas lesões (James, obrigado a voltar contra o Nacional quando ainda não
estava curado, e que assim nos deixou órfãos para tantos jogos cruciais da
época; e Varela, hoje, que escorregou e se lesionou no momento em que fazia um
cruzamento perigosíssimo) e incontáveis oportunidades falhadas (das quais a
mais óbvia o penalti falhado hoje).
Os dois piores
jogadores em campo foram as nossas compras sonantes de mercado de inverno, Izmaylov
e Liedson, ambos antigos jogadores do Sporting na década passada, e ao arrepio
de todos os nossos padrões de contratação tão elogiados no passado (jogadores
baratos da liga portuguesa quando não tínhamos dinheiro; sul-americanos jovens
para rentabilizar, quando o passamos a ter). Espero mesmo que um dia estes dois
novos dragões não sejam considerados case
study de elevado custo de oportunidade – dado que para termos aqueles, faltam-nos
dois jogadores que podiam eventualmente ainda ter joelhos. Nomeadamente
poderíamos ter extremos em vez de jogar num apenas teórico 4-3-3 em que toda a
gente está concentrada na faixa central do terreno – e será isso tão estranho quando
temos que jogar com Sebá e Tozé nas alas? Bruno Gama, Ukra ou até Targino
(!) seriam neste momento mais úteis (nem falo de Quaresma).
E finalmente, o
embandeirar em arco – é muito bom ter orgulho e a do FC Porto é a única
camisola que eu visto, exatamente por um grande orgulho nela. Ao mesmo tempo, uma
das razões que sempre me fez identificar com este clube é uma certa cultura da
excelência, do trabalho, e porque não dizê-lo, uma certa humildade. Ou pelo
menos, a ausência da arrogância e da bazófia características de clubes
ridículos (vocês sabem de quem estou a falar) ou de outros clubes europeus como
o Madrid, o Bayern, o United ou a Juventus. Ora, isso está em risco, e numa
altura em que nada ganhámos e tudo está muito em aberto, tenho já ultimamente visto
muita garganta vinda dos nossos lados, assim como grande destaque a profusos
elogios vindos de hienas que só nos querem mal. Isso também se paga com empates
em casa contra o Olhanense.
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