terça-feira, 31 de dezembro de 2013

(Senti-me) Triste

Foto: Jornal Público


Vi o nosso FCP jogar ao vivo pela segunda vez esta época, muitos jogos depois da única ocasião em que tinha visto os homens orientados (?) por PF  porem em campo tudo aquilo que (não) sabem. E, se em Setúbal, por ser  a primeira jornada, um novo treinador, etc., a paciência e o benefício da dúvida ainda eram grandes, ontem já não.

Ontem senti-me triste. Em conversa com o meu amigo Luís C., durante o jogo, foi esse o adjectivo que encontrámos para melhor caracterizar o sentimento que tivemos durante todo o jogo. Nem zangado, nem decepcionado, nada. Triste. A atitude demonstrada, o pobre futebol apresentado, a falta de ideias e de vontade de ganhar, deixaram-nos tristes. A única coisa que atenuou essa tristeza foi termos assistido ao jogo com dois adeptos do SCP que, pelo facto de não saberem o nome de 90% dos jogadores da própria equipa, tornaram aqueles 90 minutos num calvário ligeiramente menos penoso. E o facto de os bilhetes terem sido de borla, claro..!

Muitos jogos depois de Setúbal, o FCP apresenta três grandes problemas:

1. Equívocos tácticos e técnicos: a gerência deste café já dissertou sobre a inconsistência do sistema do duplo pivô. A 7 de Dezembro, no jogo com o SC Braga, em casa, PF mudou de sistema. Apesar de não o admitir, avançou Herrera, ficando Fernando sozinho na posição 6 e o FCP deixou, durante 45 minutos, de ser o Paços de Ferreira. Nos jogos seguintes, PF começou à procura de um novo triângulo do meio-campo, percebendo duas coisas: o duplo pivô não resulta e Lucho é um jogador menos influente a jogar a n.º 10, atrás do ponta-de-lança. Lucho é um 8 com uma finíssima inteligência na ocupação dos espaços, o que lhe permite aparecer amiúde em zonas de finalização. A

Porém, ao abandonar o equívoco táctico, PF enredou-se numa série de equívocos técnicos. Com Carlos Eduardo a despontar, quem deve jogar no meio-campo? Fernando-Herrera-Carlos Eduardo? Fernando-Lucho-Carlos Eduardo? E Defour, talvez um dos jogadores mais esclarecidos táctica e tecnicamente dos nossos planteis mais recentes, não joga porquê? E Quintero? De herói em Setúbal a não-convocado?

Mas o erro mais gritante é a insistência em Herrera. Se a nossa política é não lançar estes jovens sul-americanos aos lobos, fazendo-os rodar na equipa B (Iturbe, Quintero, Reyes, Carlos Eduardo, Kelvin, Caballero....), porque é que Herrera é excepção? A falta de intensidade, a bola a queimar nos pés, os sucessivos erros, mais do que justificavam que passasse uma longa temporada a aprender....ontem, foi penoso vê-lo falhar passes atrás de passes... Defour, em 3 temporadas de FCP, não falhou tanto como Herrera apenas na noite de ontem;

2. O nível necessário para jogar no FCP e a responsabilidade de jogar no FCP: se por um lado, o actual plantel do FCP conta com jogadores que não têm o nível mínimo para envergar o emblema do nosso clube, como Licá, por outro, vários elementos da equipa principal não sentem devidamente o peso da nossa camisola. Danilo leva um túnel aos 79 minutos e fica parado, a ver o adversário progredir rumo à área...talvez seja por isso que tantos dos nossos jogadores entram em campo de braços estendidos ao céu, pedindo proteçcão divina para o chorrilho de disparates que se preparam para fazer..


3. A total ausência de fio de jogo e de identidade: durante os jogos do FCP, várias vezes dou por mim, em conversa com fregueses deste Café, a tentar responder à seguinte pergunta – o que é que estes gajos fazem durante a semana? O que treinam? Pior do que os equívocos tácticos e técnicos, mais grave do que haver jogadores abaixo do nível ou sem noção do que é ser Porto, é o facto de, muitos jogos depois de Setúbal, o FCP não ser capaz de apresentar uma jogada, um conjunto de automatismos, um fio de jogo e uma identidade que nos permitam tem esperança de que as coisas vão melhorar.

Ver o FCP jogar, ao vivo, dá-nos ainda uma noção mais confrangedora disto: quando a equipa recupera a bola em zona defensiva e se espera que seja capaz de realizar uma transição ofensiva rápida, objectiva, na qual Fernando coloque em Carlos Eduardo, que Varela abra espaço por um flanco e que Danilo ou Alex Sandro progridam pelo outro, e que ao terceiro toque a bola esteja em Jackson para finalizar, o que invariavelmente vemos é Varela rodeado por dois adversários, Danilo a fazer recepções de bola que envergonhariam um central adaptado a lateral nos distritais ou Alex Sandro a querer fintar quatro adversários até colocar a bola nos pés de algum deles.. Sobre Licá, já nem consigo falar...até tive ilusão de que poderia ser uma mais-valia, mas em jogos como o de ontem é que fica patente que jogar no FCP exige muito mais do que energia e garra..


Destes três problemas actuais do FCP, é este último que me preocupa mais. Já era altura de jogarmos mais e de não estarmos, nesta fase da época, à espera que seja sempre um rasgo individual ou um acaso da sorte a fazer-nos ganhar...porém, parece que à medida que a época avança, o nível do futebol apresentado vai decrescendo...

Mas como o nosso treinador acha que empatar em Alvalade é positivo, estaremos todos contentes.  Na verdade, nem a jogar assim, a equipa sensação desta temporada foi capaz de nos ganhar... 

2 comentários:

  1. Comungo inteiramente desta visão BP. Apenas acrescento que este treinador nem consegue perceber que por um milagre na forma de Carlos Eduardo foram desatados vários nós e logo corre a enrolar mais o novelo.
    O jogos em Vila do Conde e contra o Olhanense não foram o novo Porto....

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  2. Coincidência ou não: dois jogos contra equipas às riscas verdes-e-brancas! ;-)
    De resto, estou 100% de acordo com o post. Ver o FCP é, e continua a ser, um martírio!
    Abraço e Bom Ano!

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