domingo, 23 de agosto de 2015

Dá pena


Pela primeira vez em muitos anos, hoje não consegui ter um único sentimento positivo ao ver o FC Porto jogar. Em 94 minutos, não houve um laivo de alegria (tirando o golo, que foi mais de raiva que outra coisa), um rasgo de inspiração, um momento de êxtase.

Pelo contrário, tive um misto de sentimentos bem tristes: dá pena ver o FCP arrastar-se em campo, sem ideias, sem fio de jogo, sem liderança, atrapalhado. Dá dó assistir à incapacidade de reagir, de criar soluções para os problemas... é frustrante assistir à impotência da equipa para fazer algo mais do que trocar a bola em passes laterais e para trás. 3 remates em 90 minutos é penoso...

Há muito pouco de bom a dizer e, na minha modesta opinião, o rosto do nosso acumulado insucesso é apenas um: Lopetegui. Se os acontecimentos do defeso entre SCP e SLB aliviaram um pouco da pressão com que iria iniciar esta época, pois transferiu a atenção para esses lados, a persistência de Lopetegui nos erros que ditaram o insucesso da época passada rapidamente fará regressar essa pressão. E regressarão com força, sendo que Lopetegui já demonstrou que lida mal com a pressão e com a crítica e, cada vez mais fico com essa impressão, transmite à equipa essa ansiedade.

  • Bot'acima
- Maxi Pereira: declaração de interesses prévia - não sou fã deste jogador nem desta contratação. Nunca o apreciei e não mudei de ideias. O que não me impede de reconhecer que foi, hoje como na semana passada, dos poucos com garra, discernimento e ideias para tentar inverter o rumo de um jogo triste.. Nunca pensei escrever isto.

- Danilo: acho que ganhámos muito com a saída de Casemiro e a vinda de Danilo. Fortíssimo fisicamente, bem posicionado, raramente perde uma bola e é o responsável por evitar que as perdas de bola infantis que caracterizam o nosso jogo se transformem em mais golos do adversário.

- Aboubakar: está a melhorar muito como ponta-de-lança da equipa. Aquele golo não se falha, mas não merecia ter saído.

- André André: titular, já. Por uma razão simples: simplicidade de processos e jogar orientado para a baliza. É o anti-Herrera.


  • Bot'abaixo
- o esquema táctico: o FCP joga, actualmente, com três médios de características muito idênticas - Danilo, Herrera e Imbula. Não se complementam, atrapalham-se, não se diferenciam. Se Danilo justifica inteiramente a titularidade, Imbula não disfarça a ansiedade de querer justificar os 20M e não é o 8 que este esquema precisa, pois sobrepõe-me, em campo, ao peso morto que é Herrera. Não há um médio que pense o jogo, que arrisque um passe e pede-se, no limite, que sejam os extremos a fazê-lo. Não há maneira possível de  este esquema táctico resultar com o FCP e é uma impossibilidade sermos campeões a jogar deste modo;

- Lopetegui: responsável por tudo - por Herrera a titular, para depois colocar André André a aquecer aos 10'; por ser incapaz de ter um rasgo que, por exemplo, tirasse um dos médios para colocar Bueno a jogar perto do ponta de lança. A única coisa boa, a única verdadeira mudança, foi o discurso no final: jogámos pouco. Muito diferente da época passada, em que os culpados estavam sempre fora. Porém, Mister, já todos vimos isso (que jogamos muito pouco) há mais de um ano.


Não vai ser a chegada de um n.º 10 ou o regresso de Quintero a resolver o problema em que o FCP está metido. Sem modelo de jogo, sem ideias, sem magia nem rasgo no ataque, somos uma presa demasiado fácil para treinadores com o mínimo de estofo e de esperteza táctica. O FCP é uma equipa previsível, demasiado presa em passes para o lado e para trás.

Ou Lopetegui se reinventa ou vamos ter uma época tão ou mais penosa que anterior.

Estamos na 2ª jornada, é certo. Mas já vimos muito FCP de Lopetegui para poder acreditar que isto é passageiro...

Enfim, tenhamos fé.

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