domingo, 4 de dezembro de 2016

O que Rui Pedro nos diz sobre a atual época do FCP

Nota prévia: o FCP foi um justíssimo vencedor do jogo de ontem contra um Braga que, mesmo com 11, apenas defendeu e não fez um remate digno desse nome.

O FCP teve mais de 30 remates à baliza, várias ocasiões claras, um penálti, muita ansiedade e bastante azar também. Ganhou numa jogada de raça, classe e querer, fabricada por dois jogadores de 20 e 18 anos.

Porém, o FCP esteve muito perto de somar mais um empate a zero, tal a incapacidade de romper com o bloqueio mental e ofensivo, a falta de confiança e a capacidade de mudar o jogo, abaná-lo e criar um desequilíbrio decisivo.

O que o golo de Rui Pedro nos diz é que, antes de mais, o ataque do FCP numa das épocas mais decisivas da sua história recente está entregue a um miúdo de 21 anos que, na época passada, estava na equipa B. André Silva é um excelente jogador, com uma enorme margem de progressão e de crescimento, que tem confiança e talento, mas que ainda não é um futebolista capaz de aguentar TODOS os jogos a titular (dos jogos oficiais do FCP, apenas não o foi contra o Belenenses para a taça  da liga), tanto em termos físicos como exibicionais. O facto de não ter concorrência e alternativa prejudica-o no seu desenvolvimento e, acima de tudo, é grave para um clube com a ambição e exigência que tem o FCP.

As alternativas? Bom, Depoitre - que foi escolha assumida do treinador - já nem convocado é. Jogador sem escola, que é profissional desde os 24 (tem 27) e custou 6M, é daqueles que não engana - tem boa vontade e presença física, mas dificilmente seria titular em metade das equipas da I Liga. Se cairmos no erro de pensar que Rui Pedro, com toda a classe e vontade revelados nos escassos minutos em campo ontem, será a alternativa a André Silva, o problema do FCP é ainda mais grave: estamos cada vez parecidos com o que mais escarnecíamos nos nossos rivais que, a cada jovem que lançavam, fazia capas de jornais e valia logo dezenas de milhões.

O FCP cometeu erros inexplicáveis na preparação desta época, espécie, especialmente numa estrutura profissional com os níveis de remuneração que têm os dirigentes da SAD. Contratar Depoitre e dispensar Bueno, Aboubakar e Gonçalo Paciência só pode ter fundamento em razões que os génios  da SAD vislumbram e que escapam ao entendimento dos adeptos. Porém, como estes olham para os resultados, dificilmente alguém  acreditará que, com um banco com Depoitre, varela e Evandro (como em Belém), ganharemos alguma coisa este ano.

O que Rui Pedro nos diz sobre o atual FCP é que, se uma das vantagens de contratar NES era a sua ligação privilegiada a um dos principais agentes do mercado, janeiro será a altura de cash-in e reforçar o plantel.

Porque se nos ficarmos pela esperança em Rui Pedro,com todo o valor e potencial que tem, ainda não acordámos.

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