Muito aconteceu desde que
iniciámos este exercício prospectivo, que tinha como objectivo encontrar o treinador adequado para a próxima época do FCP, assente em
alguns critérios: ser
português, conhecedor do campeonato nacional, com convicção e ideias modernas
sobre o futebol, líder no balneário com uma autoridade que derive da
competência e da admiração que instile nos jogadores, e capacidade para pegar
na equipa no primeiro dia da sua contratação.
Porém, confesso que esta tarefa foi sempre caracterizada por
sentimentos mistos – se, por um lado, parece haver consenso neste Café quanto à
incapacidade de Vítor Pereira para liderar o FCP, por outro, sempre tivemos
presente que, sendo campeão como todos desejávamos, seria mais difícil que não
continuasse.
Dissemos aqui, aliás,
que se “arriscava a que os jogadores
façam dele campeão nacional, caso em que me aventuro dizer que, seguramente,
será treinador do FCP na próxima época”. Tal parece ser, de facto, o que vai acontecer.
Muito se especulou, em momentos
diferentes, relativamente a dois nomes: André Villas Boas e Jorge Jesus.
Deixei-os para o fim por considerar que se um nunca foi verdadeiramente uma
hipótese real (AVB), o outro é alguém que não tem, de momento, qualquer crédito
para treinar o FCP e que muito dificilmente seria bem aceite pelos sócios.
- A hipótese que nunca o foi: André Villas-Boas
AVB saiu do FCP nas condições que
conhecemos, ainda que haja alguma discordância de opiniões sobre qual o grau de
surpresa de Pinto da Costa sobre essa saída, sendo que hoje é claro que as
relações entre o clube e AVB não correspondem à animosidade que parecia
instalada nessa altura.
A saída para o Chelsea foi um erro,
uma aventura precoce que tinha vários ingredientes para correr mal: um clube
sem estrutura, um Presidente ansioso e impaciente, um plantel envelhecido,
recheado de vedetas e sem motivação, e a pressão incontornável que resulta de
se tratar do mesmo clube em que Mourinho teve o sucesso que se conhece e onde
as comparações seriam sempre inevitáveis.
Com a época irregular que o FCP fez, a pouca consistência do futebol apresentado, instalou-se, após a saída do Chelsea, uma
esperança entre os adeptos de que AVB poderia regressar à cadeira de sonho, algo que foi
alimentado pelo encontro de AVB com PdC no jogo com o Manchester City.
Pessoalmente, nunca acreditei nessa
possibilidade. AVB saiu cedo demais do FCP, mas não poderia voltar agora – do
ponto de vista da gestão da sua carreira, ainda que regressar com sucesso ao
Dragão lhe pudesse dar um novo
fôlego, AVB não o quererá fazer nesta fase, pois além de poder estar a assumir
implicitamente o fracasso da decisão de sair, é um treinador com mercado nos
principais campeonatos europeus e com vontade de arriscar e prove himself. E o que quer que fizesse
no FCP dificilmente suplantaria a época de sonho que teve em 2010/2011.
AVB deverá começar a próxima época num
importante clube europeu, não de primeiríssima linha (Inter, Liverpool), mas de
“segunda” linha (Valência, Roma..), onde possa lançar um projecto com um nível
de pressão menos intenso, mas onde o desafio será muito mais aliciante do que
regressar ao FCP agora.
Regressará um dia e sou dos que o
defende.
- A hipótese que nunca poderíamos aceitar: Jorge Jesus
É sabido que, no final da primeira
época no clube que não é bi-campeão há 30 anos, Jorge Jesus teve um acordo
(verbal) com o FCP. Felizmente, não se concretizou, pois abriu as portas a AVB
e ao que se seguiu. Porém, este episódio deve dar-nos que pensar quanto a uma
certa postura e maneira de estar no futebol que JJ tem e que, salvo melhor
opinião, penso que jamais se poderia coadunar com o que é ser Porto.
JJ é um treinador que sabe muito de
futebol, com décadas de experiência no futebol português e tem os seus méritos.
Porém, o seu percurso recente levou-o para uma trajectória diametralmente
oposta daquilo que considero ser um treinador à Porto – sério, consistente,
sóbrio nas intervenções, sem se deslumbrar com as vitórias e seguro de si e do
seu trabalho nas derrotas (além das qualidades técnicas e tácticas..).
JJ, ao fim de todos estes anos a ver o
FCP ganhar, ainda não percebeu onde está o topo. E dessa desorientação,
não precisamos. Todo o discurso de JJ, aquele mau perder que resulta de um ego sem limites, o seu o estilo arruaceiro, não seriam aceitáveis para o momento que o FCP vive.
Só se fosse mesmo para chatear o seu
actual clube, mas para isso já tivemos o Cristian Rodriguez...
Este Café, por exemplo, dificilmente poderia tornar-se numa taberna que apoiasse um indivíduo destes.
- Epílogo: VP será o treinador do FCP na próxima época.
É uma perspectiva que me causa apreensão, mas que compreendo. Devemos à
serenidade de PdC, à sua experiência e liderança, o facto de não ter deixado
cair VP a meio da época - se o
tivesse feito, provavelmente não teríamos sido campeões, pois voltaria tudo à
estaca zero, gerava instabilidade e os cinco pontos de atraso que tivemos na altura mais crítica da época talvez se tivessem tornado em 8 ou 10 em poucas jornadas. PdC foi fiel a si mesmo e à receita que levou o FCP a ser o clube com mais títulos em Portugal.
Vamos esperar que o Presidente tenha
razão mais uma vez. Esta esplanada será agora palco de outras reflexões.
Naaaaaaaaaaaaaaaaaaaooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarComo disse há tempos, VP merece uma época em que seja treinador desde a pré-época. PC mais uma vez esteve bem.
ResponderEliminarD. Pedro, parece que sim...
ResponderEliminarGrilo Falante, se não merecia antes, concordo que talvez mereça agora. Espero que faça por merecer.