segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Green shoots of recovery

El Comandante Lucho González. Qualquer comentário ao jogo de hoje (FC Porto 2-0 Vitória de Setúbal) tem de passar pelo nosso ex- e futuro capitão, porque a) ele está de volta, e isso é algo de bom b) ele transfigurou o futebol do FC Porto no jogo de hoje e c) aquele primeiro golo é qualquer coisa.

Lucho era o nosso treinador em campo e, mesmo jogando cada vez mais devagar, comandou o meio-campo ao longo de quatro épocas em que foi sempre campeão. É mesmo possível argumentar que era mais importante para orientar a equipa ter Lucho em campo que Jesualdo no banco, e a verdade é que quando Lucho saiu para o Marselha, Jesualdo imediatamente perdeu o campeonato de 2009/2010. Agora o Comandante voltou e, de repente, foi como se nunca tivesse saído: a forma como esteve em todo o lado, como fez o jogo fluir, como se entendeu tão facilmente com os seus colegas (dos que estavam em campo, só Fernando e Cristian Rodríguez tinha jogado com ele), como harmonizou o caos.

A jogada do segundo golo é uma combinação exemplar entre ele e Moutinho que me deixa esperançado numa nova organização do meio-campo portista, uma máquina que Vítor Pereira nunca soube pôr a funcionar. Apoiados por Defour (um jogador cheio de qualidades que daria provavelmente um melhor 6 que Fernando, jogador óptimo a destruir mas que nunca saberá construir), o triângulo acelerou quando era preciso, manteve a bola, circulou, criou e ainda teve arte para adornar. Pela primeira vez esta época, o FC Porto jogou, pelo menos a espaços, com alegria e critério. Podem ser os primeiros sinais de retoma.

Lucho ofuscou a outra grande novidade do jogo: a estreia do primeiro "9" de qualidade contratado pelo FC Porto desde a chegada de Falcao, há uns longínquos dois anos e meio. Desde aí já contratámos Orlando Sá, Yero, Atsu, Vion, Walter e Kléber apenas para essa posição específica e nenhum deles mostrou até agora qualidade suficiente para jogar no FC Porto (alguns fa-lo-ão - estou a pensar em Atsu - mas por enquanto é cedo). Marc Janko obviamente não é Falcao nem Jardel, mas é um jogador sério, que sabe jogar com as suas limitações técnicas para se especializar naquilo que melhor sabe fazer em jogo: rematar à baliza. Como não finta três adversários numa cabina telefónica, nunca será considerado um grande jogador por adeptos portugueses (tal como Jardel não o era), mas completa a equipa de forma notável, trazendo-lhe qualidades que ela não tinha: objetividade, jogo aéreo, presença de área, killer instinct.

E depois há a boa notícia de termos finalmente, finalmente, finalmente, utilizado dois laterais caríssimos que já eram necessários em julho mas só começaram agora a jogar... Danilo tem uma velocidade impressionante e cruza sempre bem; Alex Sandro também parece ótimo a atacar. Resta saber se também defendem, mas a jogar contra equipas portuguesas, precisamos de laterais assim. Finalmente.

Última palavra para Cristian Rodríguez, a pior contratação de sempre do FC Porto em relação custo/benefício, o homem que a cada semana parece apostado em provar que tem tanto de mau jogador como de cromo insuportável. Depois de ter vindo fazer queixinhas no facebook sobre os assobios dos adeptos à sua excelsa pessoa "que nunca pode ser acusada de não correr a uma bola", foi aplaudido por ter sacudido as banhas e ter tentado em vão chegar a uma dessas ditas bolas que fugia pela linha de fundo. Comentário de um tal de Freitas Lobo, sempre apostado em mostrar que percebe mais disto do que toda a gente: "Para os adeptos é sempre mais fácil aplaudir o esforço que o talento". Sim, só que para o Cristian a dificuldade está na escolha.

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